O cooperativismo acreano segue em ritmo acelerado e se consolida como uma das engrenagens mais importantes da economia do Estado. De acordo com o Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2025, as cooperativas do Acre movimentaram R$ 962,2 milhões no último ano, com um total de R$ 511,6 milhões em receitas e R$ 41,6 milhões de sobras (lucros líquidos).
Ao todo, o Estado conta com 63 cooperativas ativas, que empregam formalmente 873 trabalhadores, e reúnem 12.384 cooperados — sendo 68% homens e 32% mulheres.
Setores que puxam o crescimento
A agropecuária lidera em número de postos de trabalho, com 240 vagas diretas, seguida pelas cooperativas de crédito, que empregam 92 trabalhadores. Os demais empregos estão distribuídos entre os ramos de serviços, transporte, saúde e infraestrutura.
As cooperativas acreanas também se destacam pela sua trajetória. O levantamento aponta que:
- 14 delas possuem entre 21 e 40 anos de fundação;
• 10 têm entre 16 e 20 anos;
• 11 estão na faixa dos 6 a 10 anos;
• 12 completaram cinco anos de existência.
Houve um aumento expressivo na participação de pessoas físicas no quadro de cooperados: 86,8% em 2024, contra 79,2% no ano anterior. Já a participação de pessoas jurídicas caiu de 20,7% para 13,2% no mesmo período, sinalizando maior inclusão de pequenos produtores e trabalhadores autônomos no modelo cooperativo.
Café do Juruá: colheita recorde e novos mercados
A Cooperativa de Produtores de Café do Vale do Juruá (Coopercafé) projeta um faturamento de R$ 20 milhões em 2025, com base na atual safra. Segundo o presidente Jonas Lima, a meta é ampliar as exportações em 2026, especialmente para o mercado asiático, com foco na China, levando o café tipo "bebida dura" ao exterior.
Em 2024, a cafeicultura acreana registrou um crescimento de 59,9% no valor da produção, com receita total de R$ 44,9 milhões. Foram produzidas 3.079 toneladas de café, o que representa um aumento de 8% na produção física. No entanto, o grande destaque foi a valorização do preço médio por tonelada, que passou de R$ 9.838 em 2023 para R$ 14.590 em 2024, impulsionado pela queda na oferta global da commodity.
Os cinco maiores municípios produtores de café no estado foram: Acrelândia, Mâncio Lima, Brasiléia, Cruzeiro do Sul e Sena Madureira
Cooperacre lidera com inovação e impacto social
A Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre) continua como protagonista no cenário cooperativista estadual. Com forte atuação na exportação de castanha-do-brasil, a cooperativa é considerada o maior arranjo produtivo da sociobioeconomia acreana, sustentando mais de 5 mil famílias agroextrativistas envolvidas em toda a cadeia produtiva.
A inovação é uma marca da Cooperacre. A entidade está investindo R$ 60 milhões em uma nova agroindústria de beneficiamento de frutas amazônicas, com capacidade para processar até 10 milhões de quilos de polpa por ano.
O destaque é o uso de tecnologia de extração a frio, que permite preservar os nutrientes das frutas por até 24 meses, sem a necessidade de conservantes ou refrigeração. A expectativa é que essa inovação aumente a competitividade da produção acreana nos mercados nacionais e internacionais mais exigentes, ao mesmo tempo em que agrega valor à produção familiar e melhora a logística de distribuição.
Os números e avanços revelam que o cooperativismo no Acre está longe de ser apenas uma alternativa econômica: ele se consolida como estratégia de desenvolvimento regional, inclusão social e geração de renda sustentável. Com investimentos crescentes, foco na inovação e fortalecimento de redes produtivas, as cooperativas acreanas demonstram que crescer em conjunto é mais do que possível; é o caminho para um futuro mais justo e colaborativo.