Dados do Instituto Sou da Paz mostraram que o Acre elucidou 51% dos homicídios ocorridos em 2023. O estudo foi divulgado no último dia 6 de outubro. Distrito Federal e Rondônia aparecem com os melhores índices, 96% e 92%, respectivamente. A Bahia é o estado com pior indicador: 13%, seguida pelo Rio de Janeiro, com 23%. São Paulo aparece com 31%.
Com relação ao Acre, as informações revelam uma melhora nos índices de esclarecimentos de mortes violentas intencionais. Em 2015, o índice era de 35%. Em 2016, caiu para 28%. No ano seguinte, se manteve em 28%. Já em 2018, último ano do governo do Tião Viana (PT), subiu para 38%. Em 2019, primeiro ano do governo Gladson Camelí (PP), caiu para 26%. Em 2020, 38%. Já, 2021, não houve registro. No último ano do primeiro governo de Gladson (2022), ficou em 52% e 53%, em 2023.
A pesquisa solicitou aos estados dados sobre raça, idade e sexo das vítimas de homicídios dolosos com denúncias realizadas no período de análise. Apenas oito estados que compõem o indicador de esclarecimento nesta edição enviaram pelo menos um dos três dados solicitados.
Acre, Pernambuco, Piauí, Roraima e São Paulo enviaram dados qualificados para a análise de faixa etária das vítimas. A análise desses dados revela que os homicídios esclarecidos seguem de maneira bastante próxima a distribuição etária observada no total de homicídios registrados, com uma forte concentração do total de casos entre 18 a 29 anos.
Já em relação ao perfil do sexo das vítimas, foi possível analisar os dados do Acre, Amazonas, Ceará, Pernambuco, Piauí, Roraima, Santa Catarina e São Paulo. No Brasil, 89% das pessoas assassinadas são do sexo masculino e 11% do sexo feminino. Porém, no universo de homicídios esclarecidos para os oitos estados analisados, as pessoas do sexo feminino representam 16% das vítimas e as pessoas e do sexo masculino representaram 84%, indicando que os crimes que vitimam pessoas do sexo feminino têm uma probabilidade maior de esclarecimento.
Informações sobre idade e sexo são precárias em boa parte dos estados, porém os dados sobre raça são ainda mais insuficientes. Sete estados possuíam alguma informação sobre a raça das vítimas, porém apenas Acre e Piauí atingiram o critério estabelecido de fornecer informações sobre ao menos 75% dos casos para viabilizar a análise. No Acre, 70% das vítimas foram identificadas como pretas ou pardas e esse percentual foi de 77% no Piauí, proporção próxima à observada para a totalidade de homicídios registrados no país.
“Os dados sobre o perfil das vítimas de homicídios esclarecidos seguem precários. E a falta desses dados impede a realização de diagnósticos qualificados sobre a maneira como a violência impacta os diversos grupos sociais e o desenho de políticas públicas capazes de incidir de maneira focalizada na prevenção desses crimes”, diz Carolina Ricardo.