Um estudo conduzido pela Fórum Nacional de Segurança Pública (FNSP) mostra a quantidade de cocaína apreendida no Acre em seis anos. De 2019 a 2024, foram apreendidos 3.127,8. As informações foram repassadas ao Fórum pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sejusp) e pela Polícia Civil do Acre. A variação em quatro anos foi de 24,3%.
A maior apreensão foi registrada em 2022, com 748,1 quilos de cocaína fora de circulação do mercado. Na sequência vem 2023, com 637,5 quilos, e em 2020, com 600 quilos. No ano de 2019 foi registrada a menor quantidade de droga apreendida: 254 quilos. Em 2024, o trabalho das polícias resultou na apreensão de 315,7 quilos de entorpecentes.
Todo esse quantitativo leva em consideração apenas as apreensões feitas pela Polícia Militar do Acre e pela Polícia Civil.
“Considerando apenas os dados das polícias estaduais atuantes na Amazônia brasileira, verifica-se um crescimento de 574,4% no volume de cocaína apreendida entre 2019 e 2024, totalizando cerca de 162 toneladas. Mesmo considerando apenas o último ano, o crescimento entre 2023 e 2024 chega a 21%, com volume recorde de 46,9 toneladas apreendidas nos nove estados que compõem a Amazônia Legal”, afirma o estudo Cartografia da Violência na Amazônia – 2025.
Os pesquisadores afirmam ainda: “a forte expansão do mercado de cocaína ocorre em resposta direta à demanda crescente pelo uso da substância em outros continentes, exigindo a diversificação constante das rotas de tráfico. Estima-se que, em 2023, cerca de 25 milhões de pessoas tenham utilizado cocaína globalmente – o maior número já registrado –, a maconha segue como a droga mais consumida do mundo, com cerca de 244 milhões de usuários. Diante da ampliação das áreas de cultivo e produção de cocaína em países andinos, e sendo o Brasil um polo estratégico tanto para escoamento da droga para mercados internacionais quanto para consumo interno, o volume de cocaína circulando no país tem crescido ano a ano, refletindo-se diretamente nas apreensões policiais”.
O UNODC (United Nations Office on Drugs and Crime) destacou que em 2024 a área de cultivo de coca alcançou aproximadamente 376.400 hectares distribuídos entre Colômbia (que concentra de 50% a 70% do total no período analisado), Peru e Bolívia. Soma-se à ampliação das áreas de cultivo a melhoria dos rendimentos de extração, que elevaram o teor de pureza média da pasta-base e do cloridrato, impulsionando exponencialmente a produção. Considerando o período de uma década (2013-2023), o crescimento da área de plantio da folha de coca alcança 184,5%, evidenciando a falência das estratégias tradicionais de controle e a necessidade urgente de abordagens mais eficazes e sustentáveis para enfrentar o tráfico de drogas transnacional.
