Na última quinta-feira (28), uma delegação do governo do Acre iniciou um percurso estratégico no Peru, saindo de Pucallpa em direção a Atalaya. Foram cerca de 600 quilômetros de estrada entre montanhas, rodovias em condições precárias e trechos de difícil acesso. O objetivo da missão foi conhecer de perto a rota que pode representar um avanço não apenas na integração entre Brasil e Peru, mas também na possibilidade de tirar do isolamento municípios acreanos como Porto Walter e Marechal Thaumaturgo, que não contam com acesso terrestre. A caravana foi composta pelo deputado estadual Luiz Gonzaga, pelo secretário de Segurança Pública, coronel José Américo Gaia, pelo secretário de Planejamento, coronel Marcos Brandão, pelo secretário adjunto da Casa Civil, Ítalo Medeiros, além do prefeito de Atalaya, Francisco Mendonza.
Durante o trajeto, a comitiva foi calorosamente recebida pela comunidade de Santavankori, distrito de Rio Tambo, província de Satipo, região de Junín, onde foi oferecido um café da manhã e homenagens em reconhecimento à visita da delegação acreana. Em seguida, o grupo continuou rumo a Atalaya, em um trecho de aproximadamente 200 quilômetros por estrada de terra, repleta de pedras e brita, o que evidenciou ainda mais os desafios da integração.
O deputado Luiz Gonzaga ressaltou a importância do contato direto com a realidade local. “Olha, tem sido muito bom pra gente ter conhecido a realidade do que eles estão fazendo. Nós estamos vendo as pontes sendo construídas, as estradas sendo abertas e a quantidade de pedra que existe aqui. Essa rodovia por Atalaya vai reduzir em relação a Pucallpa cerca de 200 quilômetros para chegar em Ímo. Essa é uma vantagem. Além disso, as montanhas por aqui são muito mais baixas”, destacou o parlamentar.
Já o secretário de Planejamento, coronel Ricardo Brandão, enfatizou o caráter estratégico da viagem. “A viagem tem sido muito proveitosa porque o grande objetivo dela era conhecer as principais rotas que podem interligar o Acre com o estado de Ucayali, no Peru. Hoje estamos a caminho de Atalaya, que fica a apenas 180 quilômetros da fronteira de Foz do Breu. É possível, sim, tornar essa rota uma realidade, garantindo circulação de riquezas e mercadorias entre o Acre e o Ucayali, passando por Atalaya em direção ao centro-sul do Peru. Nossa comitiva está muito otimista com as possibilidades de desenvolvimento para a região”, afirmou.
O secretário adjunto da Casa Civil, Ítalo Medeiros, engenheiro civil e especialista em pavimentação, também avaliou positivamente o percurso. Para ele, a abundância de insumos encontrados na região pode ser determinante para resolver antigos gargalos de infraestrutura no Acre. “Temos uma abundância de material que pode resolver o problema das nossas vias. Uma ligação terrestre com ferrovia, por exemplo, pode viabilizar a chegada desse material mais próximo. A menos de 200 quilômetros, temos uma gama de produtos capazes de solucionar definitivamente a escassez de pedra em nossa região. Enxergo aqui uma excelente oportunidade para resolver esse gargalo histórico”, destacou.
A missão reforça a visão do governo acreano de que a integração com o Peru é um passo decisivo não apenas para ampliar o comércio e a circulação de riquezas, mas também para oferecer dignidade às populações que ainda vivem em regiões isoladas, sem acesso por via terrestre.