O deputado federal constituinte, Osmir Lima, relembrou nesta quinta-feira (19) em entrevista ao Papo Informal podcast o dia em que apresentou uma emenda ao texto da Constituição em outubro de 1988, cujo objetivo era tornar o Acre um Estado independente. Apelidado de o “segundo Galvez”, uma alusão ao espanhol Luiz Galvez, que em 1899 proclamou a independência do Acre, Osmir disse que seu objetivo era protestar e chamar a atenção do Brasil para o abandono que o estado vivia.
“Eu quis anular o Tratado de Petrópolis, para o Acre ser uma república. Aí você me pergunta. Lá em Brasília, na entrevista, eles me chamaram para entrevista e perguntaram como é que ficaria um estado que não tem nada. Aí eu disse: “pior do que está não fica”, tipo o Tiririca. Por quê? Porque se fosse uma nação, o mundo todo se voltaria para uma nação na região amazônica para dar todo o apoio que precisa, com estradas, com educação, com saúde. Criaria infraestrutura necessária que o Brasil não está criando”, disse.
Antes da promulgação, o presidente da Assembleia Nacional Constituinte de 1987–1988, Ulysses Guimarães chamou Osmir e pediu que a emenda fosse retirada. O deputado acreano respondeu que sua intenção era protestar, pois sabia que a emenda seria rejeitada.
“O doutor Ulysses (Ulysses Guimarães) me chamou no gabinete dele. Aí queria que eu retirasse a emenda. Eu disse pra ele o seguinte: “Não, doutor, agora não. eu vou fazer um protesto no plenário final da constituinte sobre o abandono em que deixaram o Acre... Eu não sou criança pra saber que não vão aprovar esse projeto, não vão aprovar, aí eu retiro o projeto”. Mas ele virou-se pra mim e disse: “Eu vou citar esse fato no discurso de promulgação da Constituição”. E no discurso, ele fala diretamente no Acre uma vez e indiretamente outra vez no mais belo discurso que eu já ouvi da minha vida”, rememora Osmir.