Relatório da CNM revela que 47% dos municípios analisados gastaram mais do que arrecadaram; rombo evidencia crise fiscal que afeta todo o país
Um levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM) apontou que 47% das prefeituras acreanas analisadas encerraram o exercício de 2024 com déficit orçamentário. O rombo, estimado em R$ 200 milhões, é resultado do desequilíbrio entre receitas e despesas públicas.
A análise teve como base dados parciais do encerramento do exercício orçamentário e considerou informações de 17 das 22 prefeituras acreanas. Juntas, essas administrações arrecadaram cerca de R$ 4 bilhões em receitas primárias, mas gastaram R$ 4,2 bilhões no mesmo período.
Segundo a CNM, o aumento acelerado das despesas tem sido o principal fator para o desequilíbrio fiscal. Os gastos mais expressivos envolvem folha de pagamento, contratação de prestadores de serviços, locação de mão de obra e investimentos em obras e instalações. “É um descompasso impulsionado, sobretudo, pela ampliação da máquina pública e da demanda por serviços essenciais”, destaca a entidade.
O cenário no Acre reflete uma crise estrutural vivida em todo o Brasil. O relatório nacional da CNM mostra que 54% das prefeituras brasileiras terminaram 2024 no vermelho; um salto em relação aos 51% registrados em 2023. O déficit total subiu de R$ 17 bilhões para R$ 33 bilhões, o pior da série histórica, segundo a entidade.
O aumento das despesas superou amplamente o crescimento das receitas. Em municípios de pequeno porte, o déficit passou de R$ 0,4 bilhão para R$ 3,8 bilhões. Nas cidades médias, saltou de R$ 2,2 bilhões para R$ 8,4 bilhões, enquanto nas grandes cidades chegou a R$ 18,5 bilhões, ante R$ 12,7 bilhões no ano anterior.
Ainda de acordo com o levantamento, os municípios mais afetados são os mais populosos, com 65% apresentando déficit, seguidos pelos pequenos, com 57%. A CNM alertou que, se medidas corretivas não forem adotadas com urgência, os efeitos sobre as contas públicas podem se agravar em 2025.