Não é exagero afirmar nos dias de hoje que, mesmo já tendo transcorrido mais da metade do mandato, o governador Gladson Cameli ainda não conseguiu montar, em efetivo, o seu governo.
Da pomposa posse até os dias atuais, o resumo perfeito do governo pode ser facilmente apontado como restrito a nomeações e exonerações de pessoas.
Alguém poderá dizer que nomear e exonerar pessoas seriam atos da essência de qualquer governo. Correto!
Mas, de outra banda, não podemos esquecer que pessoas deveriam ser nomeadas e outras exoneradas dentro do foco da gestão.
Pois é, mas é exatamente neste ponto onde reside o atributo negativo que classifico como sendo - sem nenhuma dúvida - sua maior falha. O entra e sai do governo não dialoga - nem de longe - com qualquer conceito, ainda que de modo simples, de eficiência administrativa.
É óbvio, já que estamos no ambiente político, espaço eivado de inúmeros interesses a serem contemplados, que, seja qual for o governo, sempre haverá uma grande margem de nomeações políticas, não raro, desfocadas do cerne central da gestão. Danosas, obviamente, mas normais, ainda que o ideal seria que não fossem.
Mas esse não é o eixo principal do problema. O problema é que Gladson nunca pensou nisso. E por não pensar, nunca reservou uma margem apta a assumir de fato compromissos sérios na direção da oferta de bons resultados de governo.
O que se viu ao longo desses quase dois anos e meio de governo, foram festivais e mais festivais de intrigas políticas com aliados indo parar em exonerações publicadas no Diário Oficial, sem que os compromissos com eficiência na gestão fossem, ainda que sutilmente, considerados.
E o pior de tudo é que Gladson fez, faz e seguirá fazendo tudo isso sem nenhuma preocupação em ao menos esconder as motivações, revelando, deste modo, a intensidade do que representa efetivamente o seu governo.
Trocando em miúdos, Gladson ainda não conseguiu até hoje montar uma real equipe de gestão. O que fez foi lançar mão da cesta de cargos à sua disposição para, e tão somente, contemplar o ambiente das relações políticas, quando deveria pensar na necessária eficiência da gestão.
E não é por outra razão que a "capacidade executiva" do atual governo vem se revelando como uma das mais frágeis de todos os tempos. Uma verdadeira vergonha!
E exemplos confirmatorios de tal iincapacidade executiva aparecem todos os dias. Para tanto, citaremos dois exemplos, a provarem que o nosso amigo Jorge Viana acertou mesmo em cheio ao criticar a fragilidade executiva do governo em entrevista concedida recentemente a um veículo de comunicação local.
Vejamos o caso do Anel Viário de Brasiléia. Gladson vive afirmando que irá concluir tal obra, mas, quando consultamos o DNIT, constatamos que em relação a tal empreitada inexiste até mesmo previsão orçamentária para tal. O que falta? O que falta é gestão!
Outros exemplos existem às pampas. A coisa mais fácil é encontrá-los. Citarei mais um, este, com grave poder de afetação negativa, já que prejudica, e muito, o povo do Acre, especialmente os que vivem no interior.
A falha diz respeito às obras de recuperação da malha viária, ponto crucial para o tal "desenvolvimento", palavrinha que o Gladson adora tanto proferir.
Dados do DNIT, mostram que o Acre é hoje o estado mais atrasado no tocante ao planejamento das obras inseridas no Plano Nacional de Manutenção Rodoviária. O que falta? Falta gestão!
Enquanto isso, o governador sai por aí prometendo que irá recuperar todas as estradas do Acre. Aí eu pergunto: e vai fazer isso como, se não tem gestão?
O dinheiro é pouco, mas tem. O que falta é gestão!
Por fim, não há como contestar, a frágil capacidade executiva é hoje o maior entrave do governo.
O põe e tira da tal caneta azul do Gladson não permite a maturação da base técnica necessária para encaminhar as demandas do governo, especialmente no ambiente refinado das altas complexidades administrativas, como é o caso dos dois exemplos aqui mencionados.
Dinheiro tem - é pouco, mas tem -, o que falta é gestão!
Edinei Muniz é professor e advogado