O governador Gladson Cameli é um ser político. A paixão pela política está no seu sangue desde quando era ainda menino e subia em cima de uma cama para discursar para os seus primos simulando um palanque eleitoral. Não tenho dúvida que o Gladson nasceu para isso. Tanto que desafiou a vontade familiar que o queria longe desse mundo e se tornou deputado federal por duas vezes, senador e agora é governador, e um dos melhores avaliados do país.
Então não entendo o espanto de muita gente por ele estar apoiando este ou aquele candidato a prefeito. Confesso que vivendo os bastidores do governo vi muitos assessores aconselhando para que ele ficasse neutro durante as eleições municipais. Por um momento parecia que Gladson seguiria o rumo da neutralidade na maioria das disputas pelas prefeituras no interior. Mas quando começaram a soar os tambores da campanha eleitoral o seu sangue de político falou mais alto e ele começou a revelar publicamente os seus candidatos favoritos. O que obviamente está desagradando um monte de gente.
Mas temos que levar em conta que no momento mais agudo da pandemia de Coranavírus Gladson simplesmente ignorou a política. Salvar vidas era o mais importante. Mandou construir dois hospitais novos em tempo recorde e não mediu esforços para ajudar a população assolada pelo medo. Enquanto isso, alguns que se arvoram em seus críticos estavam a pleno vapor conspirando para conseguirem uma porção de poder em alguns municípios do Acre. Esses atravessaram a pandemia fazendo política e o povo acreano sabe muito bem que pouco fizeram para ajudar a minimizar o sofrimento da tragédia humana que se abateu sobre muitas das nossas famílias.
Mas com o abrandamento da pandemia e as coisas voltando gradualmente ao “normal” Gladson está exercendo o seu direito democrático de opinar sobre a eleição no Estado que governa. Conhecendo-o bem há tantos anos tenho certeza que as suas escolhas não significam "declaração de guerra" contra os outros candidatos. Muito pelo contrario. Podem escrever que quando acabar a eleição aqueles que se elegerem, mesmo não sendo candidatos do governador, serão chamados para fazerem parcerias com o governo. Gladson não é de perseguir ninguém e utiliza a espada do perdão com facilidade aos seus detratores.
Agora, é claro que ninguém quer estar ao lado de árvores que não dão frutos. Mas quando é produtiva quem não quer descansar a sua sombra e saborear os seus frutos? Então alguns políticos que elogiavam o Gladson há poucos dias, quando não conseguiram realizar os seus intentos, passaram a criticá-lo. Ele só era bom se apoiasse esse ou aquele projeto político? Não é assim que a banda toca. A democracia precisa naturalmente do contraditório para poder existir. É feita de escolhas e quem dá o veredito final é vossa excelência o eleitor.
Posso afirmar que o Gladson não vai tratar ninguém como adversário ou inimigo durante as eleições. Mas ele tem o direito legitimo de revelar as suas preferências. Assim terminada a eleição que se estabeleça a paz novamente no Acre. Que a vida siga para que os candidatos eleitos realizem os anseios da população, que é o objeto principal da política. Podem ter certeza, que da maneira que eu entendo, não haverá portas fechadas no governo para nenhum gestor municipal que precisar de ajuda para administrar o seu município.
Para concluir, só mais duas coisas. A primeira é que tem muita gente frustrada porque imaginava que exerceria por "trás dos panos" o poder efetivo de governar o Estado. Esse quebraram cara porque Gladson não só vestiu a faixa de governador como vem realizando uma gestão positiva e dando as cartas no seu governo. Quem não acreditar que contrate um instituto de pesquisa e faça uma avaliação da sua popularidade. A segunda é que alguns políticos tradicionais subestimaram o Gladson achando ser possível manipulá-lo politicamente. As suas posições surpreendentes nessa pré-campanha estão mostrando que ele não está preocupado com ideologias e partidos, mas com pessoas que possam ajudá-lo a dar uma resposta positiva à população dos 22 municípios acreanos.
* Nelson Liano Jr. é jornalista e diretor de comunicação da Secom