A crise do novo coronavírus trouxe à tona a importância do poder público para sociedade brasileira, seja na atuação no âmbito do Sistema de Saúde: hospitais, profissionais e afins, ou na manutenção do funcionamento da economia, com os auxílios emergenciais, desonerações fiscais e etc.
Superada a pandemia, o papel essencial do Estado ganhará contornos ainda mais explícitos, principalmente no processo de recuperação da economia, dos empregos e da renda do povo.
Grandes investimentos em obras públicas, transferência de renda direta, seguridade trabalhista e pacotes de incentivo para recuperação de pequenos e micro empresas são a receita mínima para dar fôlego à economia devastada.
Essa pandemia, além de levar milhares de vidas de trabalhadores e trabalhadoras brasileiros, expôs também as vísceras da nossa iniciativa privada, revelando sua fragilidade, ausência de protagonismo e dependência de um Estado, máximo, forte, indutor do desenvolvimento e soberano. Parafraseando meu amigo professor Carioca Nepomuceno, a pandemia mostrou que “a iniciativa privada é privada de iniciativa”.
Porém, na contra mão da história, percebemos que na administração pública alguns gestores não aprenderam as lições da pandemia e, em meio a crise, buscam entregar áreas estratégicas do Estado nas mãos de grandes empresas.
Jair Bolsonaro, Gladson Cameli e Socorro Neri têm em comum essa incapacidade de compreender a responsabilidade que a administração pública deve ter com a sociedade e principalmente com a população mais vulnerável, que tem no Estado seu escudo contra as desigualdades.
As tentativas de privatizar a Eletrobras, Correios, Pré-Sal S.A e o Porto de Santos, por parte do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes, colocam toda a população e os interesses da nação à mercê de empresas estrangeiras, que terão o domínio de áreas estratégicas para o desenvolvimento do Brasil. Além, claro, de ampliar os custos de cada um dos serviço providos por essas estatais na ponta.
Gladson Cameli começou o processo de privatizações, no Acre, pela saúde, ao aprovar a possibilidade de empresas administrarem as unidades hospitalares. Ele namora ainda a possibilidade de privatização do Departamento Estadual de Água e Saneamento (Depasa), que consequentemente deve elevar os custos da conta de água dos acreanos.
Por fim, seguindo a mesma lógica de transferir responsabilidade para a iniciativa privada e ampliar o custo de vida da população mais carente e os lucros das grandes empresas, a prefeita de Rio Branco, Socorro Neri, quer privatizar o Shopping Popular. Com isso, entregará a uma grande empresa um dos maiores investimentos públicos da capital e vai deixar centenas de pais e mães de família à mercê das decisões de terceiros.
Esses são exemplos de decisões equivocadas, que serão sentidas no bolso da população e que não seguem a lógica de proteger os mais vulneráveis. Se assim agirem, tais gestores estarão transformado o patrimônio público do povo brasileiro em lucro para meia dúzia de grandes empresas.