Prezado representante, por duas vezes votei em Vossa Excelência (governador e prefeito). O senhor deixou um legado político-administrativo que muito me orgulha como acreano. Eu não sei qual será o seu destino nas eleições vindouras, porém, como dirigente partidário, creio que o senhor tem a missão de devolver o Acre aos acreanos. E o destino prega peças na gente: tinha que ser o Glorioso para cumprir tão nobre propósito.
Como é de conhecimentos de todos, o governador é tão somente um cadáver insepulto. E isso mexe com tudo, uma vez que, com esse iminente descarte, o tabuleiro das peças de xadrez precisa ser recomposto. Sejamos razoáveis: mesmo que o Gladson dispute, ele jamais conseguirá, tal qual o Lula, desvencilhar-se da pecha de fanfarão. E o universo conspira a favor. Senão, vejamos: os dois senadores nada republicanos já não circulam mais por aí, o partido terá uma candidata a presidente, o petismo é moribundo e os concorrentes, além da pouca credibilidade, são figuras desgastadas no atual cenário político.
E caiu no colo do senhor, que tem o dever de dar esperança ao povo acreano, conduzir esse processo. Convença os “cabeças brancas”, uma vez que o partido tem uma cultura democrática exemplar, a largarem aquelas pequenas sinecuras, fruto de uma relação nada respeitosa com o Palácio Rio Branco. Urge a necessidade de uma renovação para vocês voltarem a ser um partido de massa. A honra e a glória precisam voltar a ser as palavras de ordem. O MDB tem um candidato cujos predicativos e virtudes o senhor já conhece.
Os povos indígenas, quando estão se preparando para uma guerra, invocam os espíritos de seus antepassados para guiá-los. Pelos saudosos Raimundo Melo e o Zé Melo, por seus filhos e netos, pela mãe que pariu na calçada, pela juventude que está sendo tragada pela violência, pelos agricultores abandonados à própria sorte, mas, sobretudo, pela nossa dignidade e amor-próprio, lance um candidato a governador. Que Deus esteja com o senhor.
*Jorge Natal é jornalista