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ARTIGOS

Deep fake: agora é ver para duvidar

Deep fake: agora é ver para duvidar

Um dos temas mais comentados nos últimos tempo, principalmente no ambiente do debate político, sem dúvida são as fake news. Com o poder de disseminação das redes sociais, as notícias falsas viraram estratégia de ação de grupos políticos.

Quem nunca se deparou com um título sensacionalista e ficou na dúvida sobre a veracidade da informação? São tantas notícias duvidosas, que o leitor buscar ancorar sua segurança em uma imagem que comprove o fato. Melhor ainda seria um vídeo, pois se existe um vídeo é certeza de ser verdade, certo? Errado e bem-vindo ao mundo das deepfakes.

A máxima do “eu só acredito vendo” não é mais tão segura quanto antigamente. A tecnologia possibilitou que qualquer pessoa, com um smartphone e o mínimo de conhecimento em edição de imagens, consiga manipular uma foto e criar uma imagem falsa, inventando uma situação que nunca existiu.

A fake news ganhou versões que até pouco tempo atrás, eram improváveis. Desconfiar que naquela imagem tem um toque de “Photoshop”, já é algo normal para os usuários das redes sociais. Mas, o que falar de um vídeo? Afinal de contas não é tão fácil manipular e mesmo que fosse, tem as expressões, voz, jeito de agir, enfim, o vídeo ainda passa uma certa segurança e por esse motivo vem sendo bastante utilizado para propagar notícias falsas.

A deep fake é um termo em inglês resultado da junção de deep learning (aprendizagem profunda) e fake (falso). Por meio de inteligência artificial, o sistema compara e integra centenas de imagens e dessa forma vai aprendendo a forma como a pessoa se comporta quando está falando, as expressões faciais e demais aspectos para criar uma realidade virtual que consegue enganar até os mais atentos.

A indústria do cinema foi pioneira com a técnica de inteligência artificial para manipular cenas de filmes, porém estamos falando em produções milionárias, diferente das deep fakes que hoje podem ser criadas com equipamentos bem mais acessíveis.

Atualmente a grande maioria das deep fakes são utilizadas com cunho pornográfico, mas não há dúvidas de que nas próximas eleições a inteligência artificial seja bastante utilizada para criar fatos constrangedores e atacar opositores.

Com relação ao ordenamento jurídico brasileiro, apesar de contar com leis que tratam de crimes na internet e da proteção do direito de personalidade, no caso da deep fake, ainda é preciso buscar amparo em interpretações, pois tratar-se de uma inovação tecnológica.

A elaboração de novos mecanismos de proteção, modernização das leis existentes e a adesão do Brasil como signatário na Convenção de Budapeste, também conhecida como Lei do Cibercrime, ajudaria a combater crimes cibernéticos.

Mas nem tudo está perdido, as deep fakes, mesmo com todo o trabalho aperfeiçoado, ainda podem ser identificadas. A dica é olhar atentamente aos movimentos se estão sincronizados rosto e corpo, checar a fonte de divulgação e principalmente procurar em sites jornalísticos confiáveis se consta algo sobre aquela informação. A regra agora é ver para duvidar.

Pablo Mendes é acreano, cursou História e Jornalismo, atualmente é acadêmico de Direito e Gestor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC).