Hoje é dia da Amazônia. Data instituída para que cidadãos do Brasil e do mundo reflitam sobre a importância desse bioma.
Este ano particularmente, há uma mobilização da imprensa brasileira e mundial, "artistas" e líderes europeus contra as queimadas. Ótimo. Nós, amazônidas, também detestamos as queimadas, a fumaça e os males delas advindos.
Porém, o desconhecimento e o despreparo de muitos para este debate é latente. Não saberiam distinguir uma Castanheira de um Cumaru, ou um igapó de um igarapé.
Quem conhece a Amazônia e a tem preservado ao longo da história é seu próprio povo. São séculos de conhecimentos tradicionais passados de geração em geração. A Amazônia brasileira é o bioma mais preservado do mundo.
A cultura da queimada remonta aos índios que já ocupavam a floresta muito antes da chegada dos colonizadores europeus. Essa cultura foi sendo incorporada ao longo dos séculos pelo colonizador e repassada às populações tradicionais até chegar aos produtores e moradores das cidades. Sim, temos muitas queimadas urbanas que agravam problemas respiratórios principalmente em crianças e idosos.
Mas a questão é o que está por trás de todo esse debate das queimadas. Será mesmo o "desejo de preservar a Amazônia"? Acredito que alguns atores tenham a motivação correta. Mas não nos iludamos: há interesses comerciais, ideológicos e políticos por trás desse debate.
Será que o presidente francês Emmanuel Macron está mesmo interessado na preservação da Amazônia? Ou pressionado pelo Agro Francês quer mesmo é boicotar o acordo Mercosul - União Européia? Sim, Macron quer reduzir a importação de soja brasileira e incenvar a produção francesa.
É, meus amigos... muita gente usa a "preservação" da Amazônia como desculpa para seus interesses comerciais, políticos e ideológicos.
Seria oportuno o momento para se fazer uma avaliação de como os milhões de dólares e de euros do Fundo Amazônia e de outros investimentos estão chegando na ponta: no produtor, no ribeirinho, nas aldeias indígenas. Se realmente estão cumprindo seu papel.
Quem mora na Amazônia quer a mata preservada sim. Mas também quer estradas, saneamento, moradia digna, tecnologia.
Quem mora na Amazônia quer indústrias, quer produzir, quer pecuária e agricultura sim.
No dia da Amazônia, a reflexão que devemos fazer é sobre o modelo de desenvolvimento que queremos. Como garantir a melhoria da qualidade de vida do povo da Amazônia.
A floresta deve servir ao povo que nela habita. E este povo precisa de sabedoria e conhecimento para explorá-la e preservá-la ao mesmo tempo.
Aqui na Câmara sou autor do Projeto de Lei que cria o Fundo Nacional de Educação Ambiental, o PL 1228/2015. O Fundo será constituído por 2% dos recursos destinados ao Fundo Nacional de Meio Ambiente; por 20% dos recursos arrecadados por meio de multas por infração ambiental; e por doações de pessoas físicas ou jurídicas. O projeto já foi aprovado nas Comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS) e de Finanças e Tributação (CFT), restando apenas a aprovação de seu relatório (já favorável) na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) para que vá ao Senado.
Sigo trabalhando pelo povo do Acre e da Amazônia.
Alan Rick é jornalista e deputado federal