Na última quinta-feira 05, a tragédia abateu-se sobre Rio Branco quando Fernando Roca, um jovem motociclista, perdeu a vida devido a uma linha chilena que cortou seu pescoço, causando um sangramento fatal.
Enquanto a culpa recai sobre a linha cortante, a verdade inconveniente é que a responsabilidade deve ser atribuída ao estado e ao município por sua falta de fiscalização.
A ausência de uma supervisão adequada por parte das autoridades governamentais contribuiu significativamente para a morte deste jovem. Infelizmente, esta não é uma ocorrência isolada. Outras fatalidades semelhantes já ocorreram no estado, criando uma sombria estatística de vidas ceifadas devido a práticas irresponsáveis ao soltar pipas.
A Lei Nº 2.359/2020, sancionada pela Prefeitura de Rio Branco em 2020, proibiu a venda de cerol e linha chilena para soltar pipas, sob pena de multa e apreensão do material. No entanto, essa legislação parece ser mais um exemplo de papel timbrado do que de medidas efetivas. A tragédia que resultou na morte de Fernando Roca é uma prova da falta de fiscalização rigorosa dessas regulamentações.
Tanto o cerol quanto a linha chilena são conhecidos por sua capacidade de causar ferimentos graves e até morte. O cerol, uma mistura de cola com vidro moído ou limalha de ferro, é usado para cortar as linhas de outras pipas, mas também pode causar danos devastadores, especialmente quando o corte atinge áreas sensíveis, como o pescoço. A linha chilena, por sua vez, é ainda mais perigosa, composta por óxido de alumínio, quartzo moído e algodão, sendo capaz de cortar com facilidade.
A questão que se impõe é: onde estavam os órgãos fiscalizadores quando essa tragédia ocorreu? Principalmente durante os períodos do ano em que a empinada de pipas é mais comum, deveria haver uma presença mais ativa das autoridades, garantindo que a venda desses materiais fosse impedida. A falta de fiscalização é uma negligência que coloca vidas em risco, como a de Fernando Roca.
É inaceitável que essa tragédia fique impune, e mais inaceitável ainda é a sensação de que, provavelmente, ninguém será responsabilizado por essa perda de vida. O estado e o município têm o dever de proteger seus cidadãos, e a falta de fiscalização nesse caso demonstra uma falha grave nesse dever.
A única justiça que pode ser feita agora é a responsabilidade assumida pelo estado e pelo município. Um pedido de perdão às famílias e amigos de Fernando Roca por sua inação e falta de fiscalização é o mínimo que eles podem fazer para reconhecer a tragédia que resultou dessa negligência. Mais do que palavras, é hora de agir para garantir que vidas como a de Fernando não sejam mais perdidas devido a irresponsabilidade e falta de fiscalização do estado e do município.
Willamis Franca, jornalista do Notícias da Hora