O grande número de pré-candidatos à prefeitura de Rio Branco mostra que o Acre vive um novo momento político na sua história. Durante 20 anos, com a hegemonia de um único grupo político no poder do Estado, tivemos praticamente só eleições plebiscitárias na Capital. Candidatos a favor ou contra o governo estadual. Abrindo excessões para algumas candidaturas “nanicas"não muito representativas que serviam apenas de ilustração e folclore à disputa. Mas a nível de competitividade as eleições eram polarizadas em apenas dois grupos políticos.
Isso mudou, em 2020, porque o governador Gladson Cameli resolveu não misturar as questões da gestão pública estadual com as candidaturas municipais. Obviamente que como cidadão o governador tem manifestado as suas preferências eleitorais, o que faz parte da democracia, mas não está pressionando ninguém a acompanhá-lo. Os partidos que ocupam espaço na gestão não foram pressionados para apoiarem esse ou aquele candidato. Liberdade plena para que cada um mostre à população os seus projetos para governar Rio Branco sem a interferência do poder do Estado no pleito.
Prova disso é que Gladson escolheu a sua candidata à reeleição Socorro Nery (PSB) enquanto o seu vice Major Rocha (PSL) apóia o ex-reitor da Ufac Minoru Kimpara (PSDB). O MDB que tem contribuído com o atual governo lançou o deputado estadual Roberto Duarte (MDB) e o próprio partido do qual Gladson se licenciou durante as eleições escolheu Tião Bocalom (Progressista) para a disputa. E pode ser que ainda surjam novas candidaturas até o próximo dia 16. Isso é democracia plena, nada de pressão, nem imposição e, tampouco, retaliação por opções políticas de quem faz parte do governo.
Essa postura de Gladson Cameli abriu as portas para que Rio Branco tenha uma das eleições mais representativas dos diversos setores da sociedade da sua história. Além dos candidatos já citados o deputado estadual Daniel Zen (PT) colocou o seu nome na disputa. Assim como o empresário Jarbas Soster (Avante) e o servidor federal Jamyl Asfury (PSC). Nunca se teve tantas candidaturas qualificadas para um debate democrático e saudável dos problemas e soluções da Capital.
Agora, o que se espera é que durante a campanha todos os candidatos utilizem com sabedoria os espaços que terão na mídia para alavancarem propostas e não percam tempo em ataques pessoais inúteis. Que não caiam na tentação do uso de fake news para disseminar a mentira e a calúnia. Essa eleição será uma oportunidade de ouro para a geração de propostas para resolverem as demandas da população de Rio Branco.
Vamos torcer por uma eleição limpa em que os eleitores possam escolher livremente os seus candidatos sem nenhum tipo de pressão.O debate democrático deve prevalecer para que os verdadeiros vitoriosos sejam os moradores de Rio Branco escolhendo representantes capazes, tanto à prefeitura quanto à Câmara Municipal, para que o município possa avançar proporcionando bem estar social para todos os seus moradores.
*Nelson Liano Jr. é jornalista e diretor da Secom