Aqueles anciãos colocando em prática o famoso ‘dois pra cá, dois pra lá’. O forrozinho bom na praça. Aquela música tocando ao fundo, nos barzinhos e restaurantes. A música eletrônica que agita a galera nas casas noturnas. Os espetáculos de teatro e de dança nos palcos da vida. Aquelas grandes estreias nos cinemas ou a ida ao shopping, nas noites de sábado. Shows cancelados, assim como as celebrações das igrejas nas noites de domingo. E até aquele projeto artístico desenvolvido nas comunidades carentes.
De repente, tudo parou. O mundo inteiro foi afetado por um inimigo invisível, perigoso, e, para muitos, letal. Entretanto, uma parcela significativa dos artistas vem enfrentando muitas dificuldades financeiras com o fechamento de teatros, casas noturnas, escolas de danças e o cancelamento de eventos. Resultado da crise econômica que, com outros fatores, formam o contexto atual no qual o desespero e o caos tomaram de conta da sociedade causando uma ruptura na ordem rotineira da vida.
No entanto, o pânico também pode se transformar em arte. Inspiradores irônicos, cômicos ou não, e produtores culturais já se baseiam na atual pandemia como o recém-anunciado. Na situação atual, a própria arte tem de ser modificada. E com a recomendação de não sair de casa.
Para tentar mudar esse mundo hostil, a arte tem um papel fundamental de alimentar e abastecer a alma de um povo e, assim, se tornar o trunfo do mesmo, sendo ela a base da transformação social em todos os níveis.
Mesmo nesse cenário desfavorável e incerto, muitas pessoas tentam manter essa paixão pela arte viva. Eles são os artistas, que levam alegria e esperança para os lares mundo afora, com seus filmes, séries, livros, lives de música e com muitas outras manifestações.
As aulas de música e de dança também têm explorado lives e vídeochamadas em aplicativos, como alternativas adotadas para continuar a produção artística e intelectual. Com a pandemia do coronavírus, a arte tem sido explorada das varandas e das janelas das casas e apartamentos ao redor do mundo. A música compartilhada entre os vizinhos tem sido uma nova forma de estabelecer vínculos durante o isolamento social.
Importante analisar que os artistas não consagrados, os que não aparecem na grande mídia, mas que são os verdadeiros responsáveis pela difusão da nossa cultura, são os mais afetados por conta da pandemia, já que eles não podem usar sua única ferramenta de trabalho, justamente os estabelecimentos de entretenimento e seus eventos cancelados e fechados. Dessa forma, eles têm de se reinventar, dependendo da solidariedade e do apoio do Poder Público. Com isso, os cidadãos acabam se deparando com a arte sem a necessidade de deslocamento até centros culturais.
Por fim, o artista faz arte segundo seus sentimentos, suas expectativas, seu conhecimento, suas ideias, sua criatividade e sua imaginação. A razão e emoção encontram-se combinados, de forma que inspiram as realizações de suas melhores artes. A arte transforma vidas e desperta a criatividade. Para muitos, o pouco é tudo, e para poucos, o muito é nada. A distância separa, mas a arte aproxima, pois a arte da vida sobrevive em nós.
Katiussi Melo, Jornalista, graduada em música, especialista em Arteterapia