O governador Gladson Cameli recentemente deu uma declaração emblemática para a imprensa de Cruzeiro do Sul. Com a piora do quadro da pandemia de Covid-19 no estado, afirmou que poderá tomar medidas ainda mais duras para conter o avanço do vírus mesmo que isso represente um desgaste político para si. Evidentemente que o governador estava se referindo à possível necessidade de um lockdown (fecha tudo) por um tempo maior e não só aos finais de semana.
Esse tipo de declaração deixa os "negacionistas" furiosos. Para eles não importam as vidas perdidas, mas a manutenção plena das atividades econômicas. Acho até que as maiores reclamações nem são dos empresários, mas dos oportunistas políticos que já estão em plena campanha para as eleições de 2022. Eles insuflam a opinião pública contra as medidas necessárias preconizadas pela ciência. Procuram incessantemente motivos para criticar e desgastar a imagem do atual governador.
Qualquer governante é passível de críticas, isso faz parte do jogo democrático. Mas o que os "negacionistas" não querem entender, ou fingem não entender, é que estamos vivendo uma situação atípica. Trata-se da maior calamidade vivida pelo mundo inteiro neste século. Só em duas outras ocasiões a civilização humana se deparou com pandemias tão mortais, durante a peste negra na Idade Média e a Gripe Espanhola no começo do Século XX.
Assim a atitude de Gladson tem sido priorizar soluções para conter a pandemia de Coronavírus no Acre. Tanto que desde do ano passado tem lutado arduamente para conseguir vacinas para imunizar a população. Ele sabe que se essa mortandade continuar não haverá economia e nem eleições. São muitas famílias sofrendo com as perdas dos seus entes queridos e uma situação social psicológica de pânico que impede que a vida possa transcorrer com normalidade no estado.
O único caminho possível para mudar esse quadro é uma vacinação em massa. Mas enquanto isso não acontece existem medidas dolorosas que são necessárias para desafogar o sistema público de saúde do Acre. Entre elas está o famigerado lockdown. Será que o governador fica feliz em mandar fechar tudo? Obviamente que não, como, aliás, ele já declarou várias vezes. Mas esse processo de contaminação precisa ser contido a qualquer preço. E a política negacionista vigente em alguns setores do país tem atrapalhado bastante o combate à circulação do vírus.
Outro fator a se levar em consideração é que parte da população não colabora para minimizar os efeitos da pandemia. O que custa uma pessoa usar máscara e higienizar as mãos com álcool 70? Evitar aglomerações desnecessárias num momento em que todos estão em risco? Não consigo entender a postura dessa gente. São atitudes egoístas que estão colocando em risco a vida de mais pessoas, inclusive, delas próprias e dos seus familiares.
Não estou me referindo a trabalhadores que precisam se arriscar para manterem os seus empregos. Muitos, inclusive, que realizam serviços essenciais para o bem estar coletivo como o pessoal da saúde e da segurança. E mesmo aqueles que trabalham nos comércios, nos bancos e na agricultura.
Para finalizar, o governador anunciou a entrada num Consórcio do Norte-Nordeste para poder comprar as vacinas russas Sputnik para o Acre. O organizador desse grupo é o governador do Maranhão Flávio Dino do PC do B. Só estou esperando as críticas, que certamente virão, pelo fato desse Consórcio ser presidido por um político da esquerda. Agora será que ideologias vazias e idiotas são mais importantes do que salvar vidas?
A estupidez humana tem se mostrado sem limites nessa pandemia. Quando a natureza está apontando erros que causam o desequilíbrio planetário alguns continuam se apegando a conceitos atrasados que visam a manutenção de um sistema de vida que está com os dias contados. Os hábitos de consumo frenético têm causado muitos danos ao meio-ambiente com consequências a curto e longo prazo que trarão ainda mais sofrimentos para a humanidade. Como diria o cantor e compositor Silvio Brito, tem horas que a vontade é gritar: "Pára o mundo que eu quero descer”.
*Nelson Liano Jr. é diretor de comunicação da Secom