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ARTIGOS

O hospital Santa Juliana carrega nas costas a maior mácula da pandemia até aqui

O hospital Santa Juliana carrega nas costas a maior mácula da pandemia até aqui

Existem coisas que precisam ser ditas. E, na dureza dos dias que vivemos, aí é que precisam ser ditas mesmo. E algumas é bom que não sejam jamais esquecidas.

Vejam o caso do Hospital Santa Juliana. Todos lembram, não tem um ano e meio, a Diocese de Rio Branco, gestora do referido hospital, vivia por aí argumentando que se alguns convênios com o Estado do Acre não fossem renovados a unidade de saúde estaria submetida a sério risco de fechamento. Quem não lembra do episódio?

Eu mesmo - quem me acompanha sabe bem - fui um dos tantos que se levantaram, 'pro bono', em defesa da instituição. É só buscarem no google. Tá lá!

O debate se acirrou, razões e necessidades públicas foram postas, e o Estado, sensibilizado, revendo posições, foi lá e estendeu as mãos para os pleitos do referido hospital. Convênios foram refeitos, chegou dinheiro e apoio. E o Santa Juliana, claro, seguiu funcionando.

O que ficou claro nessa história? Ficou claro que o Hospital Santa Juliana precisa do apoio - diga-se, indispensável - dos convênios com o Estado do Acre, e também, com mais força, dos repasses do Sistema Único de Saúde (SUS) para seguir funcionando. Portanto, precisa, vitalmente, de dinheiro público para existir.

É obvio que alguém poderá refutar esse argumento com outros, mas a tese da dependência estatal, se bem me lembro, estava na boca do Bispo naqueles dias. Melhor, não só estava como sempre esteve desde a fundação do hospital.

O Santa Juliana não funciona sem a ajuda do Estado. Fato! Pois é! Agora vem a parte mais triste.

Não sei quantos anos de fundação tem o Hospital Santa Juliana, não sei, o que sei, é que são muitos, talvez mais de 50 anos, mas posso afirmar com toda certeza: nunca na história do referido hospital - que, por sinal, é filantrópico - o povo acreano precisou tanto dele. Nunca na história precisamos tanto do Santa Juliana como precisamos agora.

E o que faz o Santa Juliana no momento em que a saúde pública acreana, vivendo o pior drama da sua história, mais precisa dele?

O que faz o Santa Juliana? Produz o exemplo mais vergonhoso da história da pandemia do Coronavírus no âmbito do Estado do Acre até aqui.

O que fizeram? Pegaram 10 UTIs, por sinal, as mais modernas do estado, e disseram assim: "pobre nenhum irá tentar sobreviver à Covid-19 nas nossas UTIs" Foi isso o que disseram. E disseram em letras garrafais.

Visando claramente a criação de uma 'reserva de UTIs' para que não falte para os andares mais altos da elite local, o hospital, que sempre dependeu do estado, vergonhosamente, precificou o acesso aos equipamentos na bagatela de R$ 30 mil. Repito: R$: 30 mil reais.

E faz mais: mesmo tendo leitos, UTIs, respiradores e incentivos pagos pelo SUS para o atendimento de pessoas carentes, o hospital vem criando dificuldades para o atendimento das demandas da Covid-19.

A pandemia, infelizmente, ainda irá muito longe, outros exemplos negativos poderão surgir, mas esse, produzido por um hospital filantrópico (sem fins lucrativos), historicamente dependente de dinheiro público para existir, e administrado por religiosos, até o momento, a meu juízo, é o mais grave.

Ainda há tempo da Diocese de Rio Branco reverter essa triste mácula. Temos fé! Temos fé!