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ARTIGOS

O que está por trás do velho e chato discurso de direita e esquerda

O que está por trás do velho e chato discurso de direita e esquerda

Discurso chato e velho esse de direita e esquerda nas eleições municipais. Será mesmo que dona Maria lá da Baixada da Sobral votou em Tião Bocalom porque ele é um candidato de direita? Será que o José do São Francisco escolheu Socorro Neri porque ela representa a esquerda?

Se a ideia é igualdade e justiça social, existe discurso mais de esquerda do que a promessa de levar feijão com arroz ao prato de mais de 142 mil acreanos do que o do Tião Bocalom?

Na verdade, não existe nenhum aprofundamento de conteúdo. Ninguém está preocupado com a história ou com ideologia partidária. O que fica muito claro é a tentativa de manchar a imagem do governador Gladson Cameli [que tem mais de 80% de aprovação popular]. O recado é direcionado ao Palácio Rio Branco.

A regra, portanto, é de um discurso pobre, raso, diria até que ignorante.

Nenhum dos oradores que polariza esse debate quer saber se Bocalom, uma vez eleito, vai aliviar a pobreza, como prometeu, usando dinheiro público para levar arroz e feijão ou se vai minimizar esse problema ajudando aos mais pobres a obter as habilidades necessárias para progredir socialmente.

A suposta eleição de Tião Bocalom tem objetivos claros politicamente. O primeiro, de exterminar o grupo do vice-governador Major Rocha. Essa tarefa foi vencida no primeiro turno. O segundo, o de deliberar, por tabela, um maior exercício político ao Palácio Rio Branco, no suposto projeto de reeleição de Gladson Cameli em 2022. Nesse sentido se uniram todos, os de direita, os de esquerda, bolsonaristas, nazistas, hitleristas.

Como um fantoche, Bocalom que se vire para cumprir as promessas de campanha a partir de janeiro de 2021, saindo é claro, eleito no próximo domingo (29). Fissurado pelo poder – foi candidato em todas as eleições a partir de 2006 – isso foi fichinha para o idealizador da Vaca Mecânica no Acre.

Há 30 anos, Lauro César escrevia um capítulo semelhante quando criou o personagem mais folclórico da dramaturgia brasileira, o Sassá Mutema, catador de laranjas matuto e analfabeto transformado na “luz do fim do túnel”.

O culto à personalidade é o grande perigo. Ganhou forma nas redes sociais faccionado pelos que tem preguiça de pensar. O ponto que merece reflexão é exatamente na escolha do melhor projeto. E o segundo turno nos dar essa opção mais selecionada: a de eleger quem tem compromisso com Rio Branco e o Estado ou salvadores da pátria nada interessados na coletividade.

A polarização de esquerda e direita interessa a quem deseja minar o Estado. O eleitor deve ficar muito atento a esse debate, de quem tem sede pelo poder e nada de concreto para ajudar no desenvolvimento.