Nas prateleiras de uma mercearia, nas gôndolas de um supermercado ou no código de barras de quaisquer produtos o preço destes é visível e obrigatório. Qualquer pessoa saberá soletrar o preço de uma barra de sabão ou de um lata de óleo de soja.
Entretanto, há situações nas quais um valor não pode ser mensurado em etiquetas, tampouco capturado num leitor de um caixa, como o conceito da reputação.
Como não é uma caixa de sabão em pó ou uma camisa, fica o questionamento: qual o verdadeiro valor da reputação de uma pessoa?
Normalmente, em juizados especiais, a destruição de uma reputação é dimensionada em unidades monetárias ou em sacolões de alimentos.
Mas, de fato, a dor da honra é curada pela “dor no bolso” daquele que a vilipendiou?
O fato de agrava quando o atirador está protegido pelo escudo da imunidade parlamentar conferido pela democracia, cuja finalidade deveria ser apenas resguardar palavras e votos.
Do púlpito de um parlamento, com a certeza de não ser responsabilizado, surgem metralhadoras verbais que disparam calúnias, injúrias e difamações.
O exemplo mais recente é o caso do delegado Henrique Maciel, Diretor Geral de Policia Civil do Acre. O Estado inteiro assistiu ao verdadeiro massacre contra reputação e honra do delegado. Acusado de “furar” a fila de precatórios, hoje o Ministério Público arquivou um procedimento que, de tão frágil, sequer deveria ter sido instaurado a partir de um pronunciamento de uma parlamentar — aquela que deve até hoje uma explicação para a sociedade acreana sobre uma falsa e desmoralizante ameaça de morte.
Um outro tiro, ainda mais mortal, sobre assédio sexual, sequer foi protocolizado para investigação. Mas certamente deixou cicatrizes nos corações do delegado Henrique Maciel, de sua esposa, das filhas e dos seus amigos.
Na impossibilidade de monetizar uma reputação, o que fica debitado na conta do agressor é permanecer desmoralizado em via pública. É seguir com a reputação na sarjeta.