Injustiça! Essa é a única palavra que pode traduzir as tristes cenas protagonizadas pelos moradores da Terra Prometida, assentamento que nesta terça-feira, 15, foi reintegrado ao Estado.
O fato de aqueles moradores, por força da justiça, precisarem sair do local, não justifica tanta dor e truculência.
Mas vale lembrar que o representante do MST, Jamir Rosas, se pronunciou e afirmou que os “invasores iriam resistir e que iriam ocorrer mortes e prisões”.
Quando o líder coloca a vida de seus liderados em risco, ele já fica desmoralizado, mas é preciso ressaltar, Jamir Rosas, de “sem terra” não tem nada, o conheço há quase duas décadas e posso afirmar, durante esses 20 anos sempre teve uma vida muito confortável, com empresas, chácaras, camionetes e casas.
Para piorar o enredo, em uma daquelas ironias do destino o irmão de tal figura é Cargo em Comissão ou CAIS na Secretaria de Direitos Humanos do Estado do Acre.
A declaração de Jamir Rosas, foi como uma alavanca acionando o posicionamento duro da parte das forças de segurança , que chegaram preparadas para agir de forma a combater qualquer resistência.
Por fim, o que restou para aquelas família foi tristeza e dor.
Triste a demais assistir aos vídeos em que tratores aparecem destruindo sonhos e resquícios de dignidade daquele povo que só queria realizar o desejo de obter a “terra prometida” e a realidade que ficou foi uma terra assada, destruída e arrasada.
Mães acalentando suas crias, que sem entender nada utilizavam as únicas armas para suportar aquela dor: o choro.
Pais de familias sendo presos por defender a última esperança de uma vida mais digna.
A polícia cumprindo seu papel da forma e com as armas que têm.
Senti falta do Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), do Tribunal de Justiça, e principalmente do Governador que não está na cidade e foi representado por secretários.
Porém a população daquela terra prometida não elegeu esses secretários, portanto eles não não têm compromisso com aquele povo, como o governador deveria ter.
Senti falta ainda de mediação, senti falta de amor ao próximo…
A cena do pastor dentro da igreja improvisada orando para o seu Deus não permitir que nada de ruim passasse com aquele povo foi o mais perto de amor ao próximo que foi visto ali.
Pessoas chorando, lamentando, surtando, sendo agredidas com armas na cara, bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta… esse era o cenário da tal reintegração.
O mundo sem moradia é um mundo com desespero e um homem desesperado é capaz de tudo.
Por fim, esse é um dia triste para 500 famílias, um dia sem esperança e com o futuro incerto.
Um dia que o governo deixou 500 famílias sem teto e sem assistência.
Um dia que o MPAC se calou frente a uma batalha gigante e podia ser protagonista, mas não entrou nem no palco.
Um dia triste para o Acre, e os acreanos.