Um arrendatário de pau-brasil, teria sido o primeiro comerciante a trazer escravos africanos para o Brasil. Eles eram comprados e trazidos para a América em condições desumanas.
Abatidos, separados dos grupos de sua etnia e sem o conhecimento do território, essas pessoas se submetiam mais facilmente à violência imposta pelos brancos, no trabalho forçado em plantações, nos engenhos e mais tarde, nas minas e nas fazendas de gado.
A minoria branca, economicamente dominante, afirmava sua superioridade com ideias racistas que garantiam os seus privilégios.
O escravo, símbolo de riqueza, por ser negro, era considerado um ser inferior.
Após 13 de maio de 1888, com a assinatura da Lei Áurea, mais de 2 milhões de ex escravos (15% da população brasileira na época) foram abandonados à própria sorte e sem qualquer política estatal que os abrigasse na sociedade.
Fora do mundo do trabalho, do acesso à alimentação, moradia e educação, uma massa de pessoas se instalou precariamente nas margens das cidades, sobrevivendo em subempregos e em condições análogas à escravidão.
Esta é a origem da classe mais pobre dos brasileiros de hoje.
Essas pessoas, que moram nos morros, nas periferias e nas beiras de rios, são hoje, também consideradas seres inferiores. Não só por serem negros, o que são em sua maioria, mas por serem pobres.
Com o advento da internet, tornou-se visível que o racismo sobreviveu aos tempos e demostrou uma outra forma de preconceito: O preconceito de classes.
Mudou a ótica mas não mudou o conceito.
A elite econômica brasileira, que ainda necessita de mão de obra para lhe servir, não vê nossos irmãos e irmãs menos favorecidos, como iguais e não oferece a eles as mesmas condições para crescer e vencer na vida, que é a verdadeira expressão da palavra Liberdade.
Nas tragédias ambientais, previsíveis ou não, tem surgido uma nova forma de assistencialismo, onde se doa o peixe e não vara, típico de períodos eleitorais.
Na tragédia doa-se a roupa velha, o cobertor barato, o prato de comida: o peixe.
O símbolo máximo dessa “caridade”, hoje, é o “sacolão, uma cesta básica de alimentos não perecíveis vendida a preços módicos pelos atravessadores de plantão.
A novidade é que esse saco de peixes, agora, vem adesivado com o nome do “bom samaritano” e preparado para estampar a miséria em fotos nas redes sociais.
Não se sabe ainda quando virá a vara.
David Sento-Sé é publicitário por mais de 40 anos. É diretor de teatro, cinema e televisão.
Atua com sucesso no Marketing Político. Deu aulas de Comunicação em universidades. Ministra cursos, palestras e pós graduações.
David também é escritor, cronista, poeta, músico e artista plástico.
Seu maior orgulho é a sua culinária.
É do signo de Peixes, o que não tem a menor importância.