O governo Gladson iniciou 2023, após a chance de continuidade dada por 235.705 eleitores, como encerrou seus quatro primeiros anos: sem aparente perspectiva de uma mínima organização ou gerenciamento e sem, pelo menos por enquanto, as prometidas obras.
A atual administração se sustenta no elementar: os pagamentos em dia dos servidores públicos.
O ano começou com a correria e a disputa por cargos em comissão, que já virou uma cultura impregnada, uma espécie de fábrica de sustentação da base e de aliados, prática também comum em governos anteriores.
Em meio ao turbilhão de nomeações nos três últimos meses há um destaque: a escolha do economista Luiz Calixto para o cargo de secretário adjunto de Governo. Sem o ex-deputado na pasta, o setor que cuida da relação política do governo estaria a caminho da acefalia.
O maior baque no governo veio no dia 9 de março. Trata-se da 3ª fase da Operação Ptolomeu, ação policial contra Gladson, parte da cúpula do governo e familiares do governador, que estremece o governo e o torna ainda mais apático.
Chefes da infraestrutura e do Deracre, figuras das mais importantes do setor de obras do atual governo, foram afastados a mando do STJ.
Foram 100 dias em que Cameli apareceu mais em vídeos e propagandas oficiais do que presencialmente. Mailza, sua vice, o representou em grande parte dos compromissos oficiais.
A ausência do chefe do Palácio Rio Branco, antes mesmo da deflagração da Ptolomeu 3, já era comentada entre secretários, diretores, comissionados, a classe política e a opinião pública.
O governo já caminhava sem engrenagem, mas a Ptolomeu foi uma dura pancada. Silêncio, tensão nas secretarias e entre secretários, diretores, comissionados... Rememorando o versículo bíblico: pareciam ovelhas sem seu pastor.
Nos últimos sete dias, porém, Cameli tentou uma reação. Inaugurou a revitalização da unidade da Saneacre e a reforma do 6º Batalhão da PM em Cruzeiro do Sul.
E em uma rara aparição presencial de assistência aos desabrigados foi a uma comunidade na Estrada do Aeroporto entregar peixes e chocolates, na quinta-feira (6). Neste domingo (9), dia de Páscoa, o governador visitou famílias atingidas pelo rio Acre abrigadas na escola Heloísa Mourão Marques.
Na enchente, Cameli apareceu quatro vezes: duas em helicóptero fazendo sobrevoo em áreas afetadas pelas enchentes, uma durante as visitas dos ministros Waldez Góes e Marina Silva e a outra em uma área alagada na Estrada do Aeroporto quando retornava de uma de suas viagens.
No dia em que seu segundo governo completa 100 dias, nesta segunda-feira (10), Gladson tem agenda marcada no Deracre às 10 horas.
Segundo um convite encaminhado à imprensa, o chefe do Palácio Rio Branco vai entregar equipamentos.
Aliás, ou ele ou ela, a vice-governadora Mailza, já que tem sido assim desde o dia 1º de janeiro de 2023...