Acompanhado da senadora Mailza Gomes, o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, foi recebido na manhã desta terça-feira (29) pelo governador do Acre, Gladson Cameli, no escritório de trabalho do chefe do Palácio. A reunião foi a portas fechadas e contou também com a participação do novo secretário de Assuntos Governamentais, Alisson Bestene.
O encontro teve um misto de institucionalidade com política. Ocorre em um momento em que o senador Sérgio Petecão (PSD) declara abertamente que será candidato a governador e espera reciprocidade de Bocalom, a quem apoiou nas eleições de 2020, ao contrário do chefe do Palácio que esteve no palanque de Socorro Neri.
Ocorre que o prefeito é do PP, partido do governador e de Mailza Gomes, senadora considerada madrinha de Bocalom. O prefeito não diz, embora admita que é grato a Petecão e que por esse motivo o apoiaria. Por outro lado há o peso de Mailza. A presidente do PP enfrentou inclusive Gladson Cameli nos bastidores do partido para manter a candidatura à prefeitura de Bocalom ano passado. A vontade dela é de que o prefeito da capital suba no palanque de Gladson em 2022.
Na condução do partido, a parlamentar praticamente amarrou o prefeito ao colocá-lo como vice-presidente da sigla recentemente. Ela é a presidente. Mas Bocalom mantém uma certa prudência. Até agora não se declarou, apesar da inclinação clara ao projeto de Petecão.
Gladson sempre disse que respeita a escolha de seu correligionário. Entende seu lado, mas também não dispensaria o apoio do prefeito da capital.
Assessores do Palácio apostam que a relação institucional entre governo e prefeitura, sobretudo nos serviços de recuperação de ramais e infraestrutura urbana, que vão começar agora, seja uma espécie de fio condutor de uma eventual aliança política entre Gladson e Bocalom.
Nesse imbróglio de relações, difícil de compreender e até relatar, há uma argumentação construída de que nem Mailza Gomes e tampouco o PP prometeram sustenção à candidatura de Petecão ao governo. Trata-se de um projeto do próprio senador e do PSD.
Em síntese: Bocalom flerta com Petecão, mas é paquerado por Gladson. E Mailza, que não quer ficar acendendo velas, com autoridade de dirigente e senadora, tenta convencer o prefeito a apoiar o chefe do Palácio. Assim, ela também fortalece sua pré-candidatura à reeleição ao Senado e o conjunto político do PP.