Alianças futuras, apoio a Lula, “Gladson imperador”, Petecão como surpresa negativa e até Operação Ptolomeu. Esses foram alguns dos assuntos da reunião quase secreta, a portas fechadas, entre a executiva estadual do MDB do Acre e Jorge Viana, na sede do partido em Rio Branco nesta terça-feira (25).
Pelo encontro, o flerte entre PT e MDB, que já vinha ocorrendo no período pré-eleitoral deste ano, deve virar casamento já nas eleições municipais de 2024.
“O governador Gladson Cameli virou quase um imperador nessas eleições. Ganhou praticamente sozinho. A gente do MDB ficou isolado agora. Lá na hora o Jorge Viana falou, sim, sobre essa futura parceria. Não falou claro que será para a prefeitura ou governo. Mas a gente entende que quando se fala em parceria, é isso”, afirmou um membro do partido que estava na sala de reuniões.
O encontro durou pouco mais de duas horas. O apoio da maioria do MDB ao candidato do PT à Presidência, Lula da Silva, serviu como tema central da reunião.
O governador Gladson Cameli, obviamente, foi um dos assuntos. Os problemas que o chefe do Palácio Rio Branco pode enfrentar por conta da Operação Ptolomeu, da Polícia Federal, caso Lula seja eleito, também foram lembrados por quem estava no encontro.
“Foi uma excelente reunião. Encontro muito bom. É da democracia. A gente recebeu o Jorge Viana, que fez uma ótima avaliação sobre o pleito e não teríamos problema nenhum em receber o governador Gladson Cameli. Detalhe: em nenhum momento o Jorge queimou ou falou mal do Gladson. Foi apenas um momento de avaliar”, disse o ex-deputado João Correia.
Jorge e Flaviano: arestas aparadas
No encerramento da reunião, após horas, a reportagem do Notícias da Hora conversou com Jorge Viana, que deixou a sala acompanhado do presidente do partido no Acre, o deputado federal Flaviano Melo.
Viana lembrou que em nível nacional a senadora Simone Tebet e a maioria da direção do MDB apoia Lula.
“O momento gravíssimo que o país vive requer isso. Fui muito bem recebido pela executiva do MDB e que nos une agora, no MDB tem pessoas que apoiam o Bolsonaro, mas a maioria da executiva apoia o presidente Lula, a Simone Tebet passou a ser uma peça muito importante nesse processo na eleição do presidente Lula e eu eu vim aqui. É muito importante PT, MDB e outras forças estarem juntas nessa hora e depois da eleição também”, afirmou Viana.
Adversários em um passado não muito distante em disputas eleitorais no Acre, Jorge e Flaviano aparentaram cordialidade mútua. O emedebista lembrou que política é a arte do diálogo.
“Arestas políticas são sempre possíveis de ser aparadas. Não ficam, não permanecem a vida toda, entendeu. Política é assim. Graças a Deus. É a política que aprendi a fazer”, concluiu.
A “rebeldia” de Jarude
O vereador Emerson Jarude, deputado estadual eleito pelo MDB, estava na sede do partido e quando soube que Jorge Viana estava se dirigido ao local para uma reunião com os caciques emedebistas, ele resolveu se retirar. O ex-prefeito Mauri Sérgio também estava na sede da sigla e saiu.
Jarude, que já declarou voto em Jair Bolsonaro, disse não concordar com a aliança PT/MDB.
“O MDB foi o único partido de oposição durante os 20 anos de governo da Frente Popular aqui no Acre. Não concordo com essa aliança.”