“Não tem refri na balsa”
A balsa acabou de sair da Gameleira. Vanda Milani esperava embarcar da Orla do 15, mas não deu. Agora, talvez, só em 2024.
Tudo abastecido. Petecão, o vendedor de gasolina, garante que tem combustível na embarcação até Manacapuru. O gás é por conta de Léo de Brito.
Marcus Alexandre embarcou com sua garrafinha de café acompanhado de Jorge Viana, que reclama o tempo todo que na balsa não tem refrigerante.
“Eu acho é pouco. Bem feito para esse petistazinho, que tá doido para virar um ministrozinho!”, cutuca Mara cochichando no ouvido de seu irmão Major Rocha.
Sentado no cantinho da balsa conversando com Jenilson, Flaviano acende o cigarro, dá um trago e relembra do velho amigo Pádua Bruzugu, que, pela primeira vez, depois de 30 anos, não lhe faz companhia na viagem.
No cais da Cadeia Velha, eis que surge David Hall acenando com uma folha de papel na mão. Ele grita e pede para embarcar. A balsa para. Sanderson Moura confere e diz que seu colega filósofo tem o direito garantido de integrar o grupo.
Eloquente e com voz alta de um pregador pentecostal, o socialista Nilson Euclides verbaliza: “A balsa é para todos os excluídos!”.
“Vai para a Venezuela, então, comunista!”, grita Marcia Bittar com um terço na mão.
A novidade é que a balsa foi reformada com o dinheiro do relator Marcio Bittar. Está novinha. Desde a época de Wanderley Dantas não recebia reparos.
Major Rocha, o especialista em choque, é o encarregado pelo sistema elétrico. Garante que não vai haver pane.
Petecão avisa que os salva-vidas foram esquecidos no embarque. Mas eis que Jorge Viana levanta a mão, pede para não se preocuparem e garante: “Eu sou a salvação!”.
E a viagem segue...