Fogo, muita fumaça, seca nos rios. O Acre não tem absolutamente nada a comemorar nesta quinta-feira, 5 de setembro, Dia da Amazônia. Aliás, a data, pelo atual contexto de destruição, deve servir de reflexão, alerta, ação para lá de urgente.
Segundo dados do Cigma (Centro Integrado de Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental) a baixa qualidade do ar nos municípios acreanos apresentou um acréscimo na média diária acima dos níveis recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que estabelece um limite seguro de 15 microgramas por metro cúbico (μg/m³).
A região do Baixo Acre lidera o ranking de criticidade na qualidade do ar. A capital acreana, Rio Branco, registrou uma média de 193,65 (μg/m³), 13 vezes acima do recomendado pela OMS, o que torna a concentração de partículas na cidade em nível péssimo.
O caos levou a prefeitura de Rio Branco a suspender as aulas na rede municipal de ensino e estender o horário de atendimento nas unidades de saúde, tamanha a quantidade de pessoas à procura de atendimento por causa de problemas respiratórios ocasionados pela péssima qualidade do ar.
As farmácias registraram um rápido aumento na venda de máscaras nos últimos dias.
O Estado também resolveu tomar medidas. Servidores públicos do Acre com idade acima de 60 anos não precisarão comparecer ao local de trabalho e o desfile do Sete de Setembro foi cancelado. O governo anunciou que alunos que possuem comorbidades devem ficar em casa.
Falta de aviso não foi. Em março deste ano, portanto há seis meses, quando o rio Acre registrava uma das maiores enchentes da história, o professor Foster Brown, pesquisador do Centro de Pesquisa em Clima Woodwell, EUA, e pesquisador ambiental na Ufac, alertou em entrevista ao Notícias da Hora sobre os eventos extremos: “É grave, e a tendência é piorar. Cada ano vai ser um novo normal”.