Sábado, 5 de setembro, meio-dia em Rio Branco. Faz calor, muito calor. Temperatura 34 graus. É o Dia da Amazônia. Um péssimo dia para comemorações. A Amazônia, afinal, arde no fogo. E não é de hoje. Políticos e ativistas mencionam a data nas redes.
O Acre está sob decreto de emergência por causa das queimadas. Até a semana passada foram mais de 4 mil, segundo o Corpo de Bombeiros, quantidade bem acima do mesmo período do ano passado, quando o estado havia registrado até o oitavo mês do ano pouco mais de 2, 7 mil ocorrências.
Um embriagado qualquer pela propaganda da florestania talvez não saiba, mas o Dia da Amazônia foi criado pelo ex-governador do Acre, Jorge Kalume, em 1968 por meio de uma lei estadual. Kalume era integrante da Aliança Renovadora Nacional, Arena, partido que virou PDS, PPR, PP e hoje é batizado de Progressistas.
Kalume era um político conservador, amigo do Regime Militar. E isso mostra um fato: conservação ambiental não tem a ver com ser de direita, centro ou esquerda. É questão de responsabilidade. Está acima de ideologias.
Já em 2007, Lula sancionou o projeto com a seguinte redação: "Fica instituído o Dia da Amazônia, a ser comemorado anualmente, em todo o território nacional, no dia 5 de setembro".