Há um discurso hipócrita e carregado de contradições que domina a política do Acre e deve ser reforçado nas eleições deste ano, que tem por objetivo desqualificar pessoas pelo simples fato de terem participado da extinta Frente Popular, a aliança de partidos comandada pelo PT que governou o Acre por 20 anos.
Os protagonistas dessa bobagem eleitoral disparam acusações como se fossem puros, originais. Ou simplesmente agem com cinismo, o que é mais provável.
Quem não foi afetado por amnésia sabe que todos os partidos que neste momento lançam pré-candidaturas à prefeitura de Rio Branco um dia tiveram ligações umbilicais via aliança com o Partido dos Trabalhadores.
Tudo por conveniência, a mola que sustenta o modelo de coalizão política.
PSDB, PSL, PP, PL, PSB e tantas outras agremiações que deram sustentabilidade aos governos petistas por duas décadas tentam se descolar da história recente cuspindo no prato que comeram e arremessam pedras em seus adversários, antigos aliados, enquanto são aplaudidos por uma manada de incautos e ingênuos.
O PSDB, uma espécie de PT de terno, integrou a primeira versão da FPA no governo em 1999. Edson Cadaxo foi vice do petista Jorge Viana. Tião Bocalom, que agora fala mal de todo mundo que veste vermelho, foi secretário de Agricultura naquele governo. Por pouco tempo, mas foi.
Petecão, nos oito anos do governo Jorge Viana, presidiu a Assembleia Legislativa. Fez do Legislativo um puxadinho do Governo da Floresta (1999-2006).
Bestene, do PP, presidiu, no governo Binho Marques, o extinto Departamento de Água e Saneamento, depois transformado em Depasa.
E o PSL, que hoje garante ser o único partido de direita do Acre integrou a Frente Popular no governo Tião Viana e fez parte da aliança que reelegeu Marcus Alexandre à prefeitura de Rio Branco, em 2016.
Esse mesmo PSL, que fugia do PSDB há pouco tempo, agora se curva sob as asas tucanas por uma vaguinha de vice na chapa de Minoru Kinpara, professor universitário criticado por liberais tupiniquins por seu passado petista.
O MDB se vangloria de jamais ter se aliado à sigla dos irmãos Viana no Acre, porém nenhum outro partido deu mais sustentação aos governos Lula e Dilma em Brasília ocupando secretarias nacionais, ministérios e dando governabilidade ao projeto do PT.
Transformar alianças passadas com o PT em pecado capital é uma enorme bobagem e falta de maturidade política. E quem não tiver pecado atire a primeira pedra...