Bocalom virou um prefeito festeiro, e dos bons. Na forma, no discurso e na prática. Aquele Velho Boca passou. Há um Novo Boca em curso. Um prefeito que canta, dança, abraça crianças, solta beijinhos. É o que chamo de processo de camelização do prefeito.
Em dois meses, do Natal ao Carnaval, o alcaide mostrou que sabe usar bem a máquina municipal ao transformar o quintal de sua casa, a Praça da Revolução e o centro da capital em um lugar de festas.
No Natal, Bocalom ousou ao pôr uma casinha com Papais Noéis azul e vermelho com “neve”. Colocou ônibus de graça. Entregou prêmios de fotografia.
No Carnaval, o prefeito resolveu fazer seu próprio evento depois do fiasco de 2023 quando se juntou ao governo para promover a folia na Arena da Floresta. Entendeu a necessidade de virar protagonista da festa. Com o Palácio no mesmo camarote corria o risco de ser um coadjuvante. Bocalom subiu ao palco e sambou. Levou o público à praça. Retomou o carnaval popular da prefeitura na confluência entre a avenida Getúlio Vargas e a rua Rui Barbosa, de um simbolismo nostálgico.
E é inevitável a comparação. Tanto é que o próprio governador Gladson Cameli, durante entrevista na TV Gazeta, sem ser questionado, resolveu opinar na tentativa de minimizar a rivalidade e disputa. Eis o que disse o chefe do Palácio perguntando e respondendo seu próprio questionamento: “Quem foi que fez o melhor carnaval foi a prefeitura ou foi o governo? Não! Quem ganhou foi a população que teve opções”.
Era evidente o incômodo entre organizadores. O Carnaval da Gameleira bem decorado, de cores modernas, com segurança exemplar, só não virou um fiasco total por causa da presença no último dia de Neguinho da Beija-Flor.
O governo se esforçou nos últimos 60 dias, mas não foi páreo para um Bocalom de sorriso fácil e novos afagos.