O cientista político Nílson Euclides, professor da Universidade Federal do Acre, vê com bons olhos a possibilidade de uma pré-candidatura à prefeitura de Rio Branco essencialmente de esquerda bancada por PSOL, Rede, PV e PT em oposição à extrema direita e ao bolsonarismo.
O professor avalia que o emedebista Marcus Alexandre, por questões pragmáticas, quando tenta ampliar sua aliança incluindo partidos de centro-direita, acaba perdendo força em seu discurso a favor das pautas de esquerda.
“Eu acho que os movimentos que o Marcus tem feito, principalmente pelo MDB, não sei se ele lidera esse processo, mas na minha avaliação eu acho que ele comete um erro. Acho que ele comete um erro quando ele amplia demais essa frente, tentando trazer para dentro da sua candidatura lideranças e setores extremamente conservadores e alguns até de extrema direita. Então eu acho que se ele fizer esse movimento e esse movimento se ampliar, para agregar dentro da candidatura dele esses setores mais extremistas de direita, eu acho que o PSOL automaticamente sai fora dessa frente ampla, pelo menos essa é a avaliação que eu faço.”
A fala do professor vai ao encontro da análise de importantes membros de partidos da esquerda local que enxergam em Marcus uma inclinação ao conservadorismo.
O cientista político entende que uma candidatura de esquerda daria visibilidade, por exemplo, para pautas progressistas, minorias, direitos humanos e liberdades individuais e seria um importante contraponto ao extremismo da direita.
“Agora, do ponto de vista da minha avaliação, da minha opinião, eu acho que nós deveríamos ter, no primeiro turno, um candidato de esquerda. PSOL, Rede, PV e PT poderiam lançar um candidato, uma chapa, até como forma de você se contrapor a esse grupo que é majoritário dentro do estado do Acre, que é a extrema direita. Eu acho muito difícil que o Marcus, com essa frente ampla, seja capaz, até por conta dos acordos que ele vai fazer, de se contrapor de forma objetiva, firme a esse avanço extremista da extrema direita. Eu não vejo nenhuma possibilidade de você derrotar ou enfrentar a extrema direita se você permanecer ou se fizer esses movimentos muito ao centro, porque até em nível nacional, e o Acre eu acho que reflete um pouco isso, você não tem mais um centro-direita, o que você tem é um extrema direita, esse centro está sendo esvaziado, esses setores de centro estão sendo cooptados para essa extrema-direita, o que você tem do outro lado é a esquerda, e o centro-esquerda que fica meio que sendo esvaziados também. Então eu acho que uma candidatura de esquerda seria muito importante por uma forma de você estabelecer, existe um espaço democrático, progressista, socialista, que entende ver a sociedade de uma forma diferenciada, e essa candidatura representaria isso, unindo esses partidos.”