Dizem por aí que o mundo não gira, ele capota. No pequeno estado do Acre, onde todo mundo se conhece ou é parente, essa máxima costuma se cumprir em um curto espaço de tempo com mais frequência. É o que ocorre agora na relação PP/Bocalom. Em setembro passado, membros do partido, carregados de convicções, se reuniram para anunciar a pré-candidatura de Alysson Bestene à prefeitura de Rio Branco e ao mesmo tempo comunicar sobre um processo de expulsão de Tião Bocalom. Na verdade, tudo não passava de um ensaio para forçar a saída do prefeito. Foi o que aconteceu. Bocalom, pressionado e humilhado, trocou de partido em março. Ingressou no PL de Bolsonaro.
Dias depois, eis que surgem emissários do Palácio Rio Branco atrás do prefeito à procura de uma aliança. Uma novela nos bastidores com reuniões, ligações, mensagens no WhatsApp, informações desencontradas, um vai e vem, símbolo de uma bagunça partidária.
Eis que no meio dessa desunião surge o União Brasil, que de união tem só o nome, e seus caciques com interesses. Coisa absolutamente normal em um jogo político/eleitoral. O UB chegou com a vaga de vice nas mãos. E joga. O governo do PP aceita e negocia.
Sim, acredite se quiser, o partido que forçou a saída do prefeito, o todo-poderoso PP, que tem governador, deputados federais, deputados estaduais, vereadores, prefeitura, agora em ato patético, corre atrás da vaga de vice do prefeito a quem humilhou e oferece ao menos duas secretarias estaduais a um dos deputados do União Brasil, o médico oftalmologista Eduardo Velloso que, ironicamente, não enxerga viabilidade em um Alysson candidato.
É um negócio que tira o deputado do mandato e resolve a vida do suplente Fábio Rueda, presidente da executiva municipal do União, dono da vaga de vice.
O convite foi do próprio Gladson Cameli, Alysson Bestene aceita ser vice e Velloso ainda avalia se quer só duas secretarias. Talvez queira até mais, já que o governo está disposto a negociar.
E se Velloso pedir o Palácio?