O Acre já foi morada de animais pré-históricos. Há uns 8 milhões de anos, segundo paleontólogos, viveu por aqui, no período mioceno, quando o famoso Tiranossauro Rex já havia sido extinto, o Purussaurus brasiliensis, um super jacaré que podia ultrapassar os 12 metros. Enquanto o rei do pântano dominava os rios, jabutis e preguiças gigantes habitavam a floresta.
Ano passado a secretária de Turismo e Empreendedorismo do Estado, Eliane Sinhasique, virou alvo de chacota por um bom tempo ao sugerir a instalação de réplicas de dinossauros sob um portal em uma das entradas de Rio Branco. O escárnio iniciou depois que Eliane anunciou a ideia durante uma live em uma reunião com engenheiros.
Provavelmente a secretária não imaginava naquele momento a enorme repercussão negativa. É da natureza das redes sociais a chacota, o desprezo antecipado sem qualquer análise mais racional.
Pressionada pelas vozes diversas, a secretária desistiu dos "dinos" e anunciou a construção de uma estátua de Plácido de Castro sobre um pomposo cavalo como objeto da recepção a quem chega à capital. Prevaleceu a opinião superficial da maioria enfeitada de disfarce da valorização ao herói acreano. Pura balela. O Plácido na Praça da Revolução, no Centro de Rio Branco, sofre com os vândalos e é uma figura invisível para a maioria que passa por ali. A Estátua da Liberdade da Havan é muito mais presente na memória das selfies do que o gaúcho bigodudo.
Em 1996 o mundo passou a ouvir histórias sobre um tal ET de Varginha (MG). Mito ou não, o extraterrestre virou, anos depois, um bom negócio para o turismo na cidade. Em Varginha há nave espacial, estátuas do ET e um memorial em construção, uma espécie de museu da ufologia.
A construção do monumento em Rio Branco anunciado por Eliane é garantido por recurso específico oriundo de emenda parlamentar destinada ao turismo.
O Departamento de Paleontologia da Universidade Federal do Acre, que tem inúmeras peças de répteis em seu laboratório, seria um bom parceiro na concepção desse monumento turístico.
Réplicas do Purussaurus, da preguiça e jabuti gigantes seriam muito mais atraentes aos olhos de um turista do que alguém montado em um cavalo. E é um meio de dizer que o Acre existe desde a pré-história...