Para o senador Márcio Bittar (MDB), o presidente Jair Bolsonaro, de quem ele é fã e apoiador, não arregou ao escrever uma carta com ar de arrependimento reconhecendo seus exageros em discursos contra o STF, em especial o ministro Alexandre de Moraes, na última terça-feira, 7 de setembro, durante manifestações em Brasília e São Paulo.
Márcio considera que Bolsonaro "agiu com responsabilidade e sabedoria pelo bem do país e com espírito de liderança deu o passo necessário para garantir estabilidade política da Nação".
"Provavelmente ele passou por cima do sentimento, de uma perseguição implacável que ele sofre pra pensar acima de tudo no país. Quando um presidente da República faz o gesto que ele fez, escrevendo, sinalizando à nação brasileira, que o homem mais poderoso do país, maior cargo do país, o homem que teve quase 60 milhões de votos, tem a grandeza de dar um passo atrás em nome do Brasil, nós temos que apoiá-lo. Eu estava ao lado dele e vou continuar ao lado do presidente da República, principalmente porque com essas atitudes ele mostra mais ainda como ele ama esse país", afirma Bittar em um vídeo no Facebook.
O recuo, o tom ameno e a ênfase de Bolsonaro na carta ao ministro Alexandre de Moraes, a quem o presidente chama de "professor" e cita "as qualidades" do ministro como "jurista" foram ideias do ex-presidente Michel Temer, que foi ao Planalto a convite do Bolsonaro, nesta quinta-feira, conforme noticiou a imprensa, como conselheiro e apaziguador.
Por pouco, Bolsonaro não usa no texto, construído na cabeça de Temer, uma costumeira mesóclise, parte do linguajar do ex-presidente. Algo tipo "arregá-lo-ei", por exemplo.
Ainda não leu a carta? Então leia abaixo:
Declaração à Nação
No instante em que o país se encontra dividido entre instituições é meu dever, como Presidente da República, vir a público para dizer:
- Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar.
- Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.
- Mas na vida pública as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de “esticar a corda”, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia.
- Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum.
- Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes.
- Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal.
- Reitero meu respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país.
- Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição.
- Sempre estive disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles.
- Finalmente, quero registrar e agradecer o extraordinário apoio do povo brasileiro, com quem alinho meus princípios e valores, e conduzo os destinos do nosso Brasil.
DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA
Jair Bolsonaro
Presidente da República Federativa do Brasil