A morte do nosso Velho Chico
O igarapé São Francisco, o nosso Velho Chico, virou um esgoto a céu aberto.
A reportagem do Notícias da Hora registrou no sábado (24) no trecho do igarapé ao lado da avenida Getúlio Vargas restos de sofá, cadeira e garrafas pet no leito do manancial.
A situação de calamidade é a soma da ação irresponsável do ser humano com o descaso do poder público.
Não há um programa contínuo de limpeza do igarapé. As ações são isoladas. Servem apenas para propagandas institucionais.
Tal qual o rio Acre, onde deságua, o igarapé São Francisco vive uma espécie de “efeito gangorra” em suas águas.
No inverno, o manancial tem aumento em seu volume e em alguns casos, como em 2021 e 2023, causa enormes danos desabrigando milhares de famílias e provocando danos irreparáveis ao comércio.
A propalada revitalização do igarapé, que jamais saiu do papel, proposta do senador Marcio Bittar (UB) divulgada durante os quatro anos do governo de Jair Bolsonaro e que contou com o apoio do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Sales, e de políticos locais, ficou só na promessa.
Em janeiro de 2021, o governo do Acre informou que teria conseguido R$ 50 milhões em parceria com o gabinete do senador Bittar para a obra, cujo valor final orçado seria de pouco mais de R$ 204 milhões.
No papel, o audacioso projeto previa inicialmente a despoluição do igarapé, retirada de famílias que moram às margens e construção de praças e parques, estações de tratamento de esgoto, recuperação da mata ciliar, construção de pontes para pedestres e atividades de conscientização ambiental e monitoramento.
Em julho de 2020, o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, chegou a prometer, ao lado de Marcio Bittar, que o governo faria a conversão de multas e o aporte de recursos necessários para a revitalização do igarapé São Francisco.
Mas tudo não passou do papel e de pose para fotos para publicações nas redes sociais e em jornais.