“Enquanto os russos fazem guerra, aqui nós construímos pontes”, disse Gary Von Boeck, alcaide de Bella Flor, região de Pando, durante inauguração da obra do governo do Acre no acesso a Vila Evo Morales, em Plácido de Castro.
A frase dita por Boeck merece destaque pelas reflexões que o mundo passa diante da guerra imposta pelos russos à Ucrânia. Os impactos econômicos que pressionam preço de commodities como o petróleo, o gás natural, o trigo e milho. Efeito dominó que fará a inflação de alimentos voltar a acelerar.
Ao repetir um jargão que é bem explorado pelo governador Gladson Cameli, o de “construir pontes”, Boeck se referiu também às novas garantias que vieram a partir da obra executada no Brasil. É que pressionado, o governo boliviano prometeu continuar a pavimentação no lado da Vila Evo Morales da principal rua do comércio. O diretor-presidente do Deracre, Petrônio Antunes confirmou a intenção boliviana. A autoestima mudou nas relações de fronteira.
No setor educacional, o debate sobre a implantação de uma universidade na Vila Evo Morales voltou a ser pauta de intercâmbio entre os dois países. É tudo que o setor mobiliário de Plácido de Castro precisa. É inspirador para a expansão da rede hoteleira.
Pousadas que eram atrativos para turistas e que viveram momentos de glória, estão abandonadas e hoje carregam apenas vestígios do que foram no passado.
Não restam dúvidas de que o governo do Acre ampliou as relações históricas entre Brasil e Bolívia. E olha que essa foi uma obra que ninguém dava muita importância, de pouca mídia em sua execução.
O Brasil é o principal parceiro comercial da Bolívia. É o primeiro destino das exportações bolivianas, devido à venda do gás natural, e segunda origem das importações do país. As relações econômicas com o Brasil têm impulsionado o desenvolvimento boliviano, em função da presença econômica brasileira no país, investimentos e remessas de imigrantes.
Se o governador Gladson Cameli acertou em quebrar o protocolo durante a inauguração do evento, colocando todos para conhecer o trecho pavimentado numa verdadeira ‘procissão’, Boeck estava iluminado quando comparou as relações diplomáticas entre Brasil e Bolívia, com a guerra na Europa.
Se imaginarmos que há 117 anos atrás bolivianos e brasileiros estavam em conflito armado na Revolução Acreana, rogamos para que não seja necessário tanto tempo assim para que os Russos aprendam que não se faz guerra, se constrói pontes.
Jairo Carioca é jornalista e assessor de imprensa, está coordenador da rede Aldeia de Rádios FM, ancora do programa Cidadania, que tem o quadro Papo de Cafezinho.