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Papo de Cafezinho - Por Jairo Carioca

A fé em Deus e os números do PAC anunciados para o Acre e todo o Brasil

A fé em Deus e os números do PAC anunciados para o Acre e todo o Brasil

Acre lidera o “Z4 dos estados” com previsão de recursos para seu crescimento até 2026. Estado foi quem deu, proporcionalmente, maior votação ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Não se trata daquela torcida do contra, do quanto pior melhor. Uma rápida olhada no retrovisor é suficiente para termos muita cautela na análise dos investimentos anunciados pelo presidente Lula, no relançamento do Programa de Aceleração e Crescimento, o PAC, para o Acre e todo o Brasil.

Só muita fé em Deus – e ela cabe em quaisquer circunstâncias – para crer na capacidade de governança na transferência de R$ 1,7 trilhão nos eixos do novo formato do programa. Uma rápida olhada no retrovisor é suficiente para pensarmos assim.

Vale um bom gole de café para conferir os números.

Os PACs, desde a sua primeira edição em 2007 – no primeiro ano de reeleição de Lula – custaram aos cofres públicos mais de R$ 700 bilhões. Os dados são do TCU, apontam que até 2010 só 9% das obras previstas foram concluídas.

Impulsionado pelo marketing político que considerou a presidenciável Dilma Rousseff como a “mãe do programa”, entre 2011 e agosto de 2016 (anos em que foi presidente da República) foram concluídas apenas 2,26% das obras anunciadas. Pior índice do PAC.

O maior obstáculo das duas primeiras edições do programa foi a falta de dinheiro. Ainda de acordo o TCU, existem mais de 2,5 mil obras paralisadas em todo o Brasil. Muitas delas, segundo especialistas, por perda de foco, descontinuidades que representam recursos jogados pelo ralo.

Os acreanos conhecem bem essa rotina de gestão dos governos petistas. A ponte sobre o rio Madeira, iniciada em 2014 – com recursos do PAC – só veio ser inaugurada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, sete anos depois, em maio de 2021 depois de muita peregrinação e esforço do governador Gladson Cameli e a bancada federal junto ao DNIT.

Outra realidade que entra para o mapa do PAC esse ano é a reconstrução da BR 364. A previsão é de R$ 910 milhões de transferência de recursos somente para o modal. Vale lembrar que o trecho entre Rio Branco e Cruzeiro do Sul, mesmo com a gestão de dois presidentes (Lula e Dilma) e, praticamente 20 anos de governos petistas no Acre (Jorge, Tião e Binho), nunca foi inaugurado.

RECURSOPACACRE

Carnaval fora de época.
Tão logo os números do novo PAC foram divulgados junto com as fatias previstas para os estados, os vermelhos do Acre correram para as redes sociais para comemorar os investimentos de R$ 26,6 bilhões, como se tais recursos já estivessem em caixa.

É preciso esclarecer que grande parte dos investimentos anunciados pelo governo federal serão desembolsados até 2026. Outros R$ 300 bilhões após 2026. Coincidência ou não, o Acre que proporcionalmente deu maior votação ao presidente Jair Bolsonaro é o estado que vai receber menos investimentos do PAC entre as 27 unidades federativas do Brasil.

Os R$ 26,6 bilhões previstos para o Acre é troco na frente dos R$ 342,6 bilhões que serão investidos no Rio de Janeiro. O estado do Amazonas, que deu vitória fundamental para a eleição do presidente Lula no segundo turno das eleições do ano passado, tem previsão de receber R$ 21,6 bilhões a mais do que o Acre.

O PAC (Lula) deu as costas para seis estados da região amazônica (Acre, Rondônia, Amazonas, Amapá, Roraima e Pará) que receberão abaixo de R$ 50 bilhões em investimentos nos próximos quatro anos caso o planejamento do governo federal der certo. Acredite, o maior desafio é o de conciliar o orçamento com a meta de zerar o rombo nas contas públicas no ano que vem.

Diante desse cenário de inércia e má execução de obras do PAC podemos ver o efeito social e econômico tão propagado, mais uma vez ficar somente na boa vontade.

O progressista Gladson Cameli não faz oposição despótica ao presidente Lula, cumprindo agenda ambiental, ele não foi ao relançamento do PAC. Outros seis governadores considerados de oposição ao PT, desprestigiaram o evento. O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, sentado ao lado de Lula, foi vaiado. Os cariocas são os mais prestigiados com a previsão de recursos do novo formato do programa.

A vice-governadora Mailza Assis, que representou o governador Gladson Cameli, fervorosa evangélica, deve ter orado bastante para que tudo der certo, afinal, a fé em Deus nos faz crer no incrível, ver o invisível e realizar o impossível.

Jairo Carioca é jornalista, assessor de imprensa, escreve semanalmente para o NH.