No meio da fumaça Tião Bocalom, Marcus Alexandre, Emerson Jarude e Jenilson Leite ganharam um cartaz de filme com o título: “a prova de fogo”. O eleitor acreano, com capacidade incrível de trazer o humor para política, prepara a balsa que vai sair da gameleira.
O acreano tem uma capacidade incrível de trazer o humor para política. A criação da tradicional balsa para Manacapuru, mostra toda criatividade desse eleitor que não perde uma oportunidade de zoar os amigos e, ao mesmo tempo, comemorar os resultados das eleições.
Neste ano marcado pela seca extrema que toma conta de todo o país, a grande pergunta é: onde a onça vai beber água? A balsa que sai da gameleira vai ser capaz de navegar diante da falta de profundidade do rio Acre?
Esse jeito “não sério” do eleitor é o nosso melhor lado neste instante em que temos nas mãos, o destino de 64 candidatos a prefeitos e 2.159 concorrentes ao cargo de vereador em todo o estado do Acre.
Entramos na reta final de uma campanha de pouco “corpo a corpo”, ausência de empatia e de ação coletiva enfraquecida. No meio da fumaça Tião Bocalom, Marcus Alexandre, Emerson Jarude e Jenilson Leite ganharam um cartaz de filme com o título: “a prova de fogo”.
Os vereadores? Idem.
Nesse momento a parada de sucesso é a “a lista” cantada por Osvaldo Montinegro. Lista dos melhores amigos mesmo, que não vemos há dez anos atrás. Vale tudo na contabilidade contra um ingresso na balsa. Com tanta fumaça, ninguém quer enfrentar esse triste caminho até Manacapuru.
Essa é uma eleição atípica também pela bolha da informação. Bem que o candidato Emerson Jarude tentou a estratégia da “economia da atenção”, mas, diferente de Pablo Maçal em São Paulo, por aqui, seus recortes fracassaram, não foram capazes de chamar a atenção do eleitor.
É que tudo pareceu tão repetitivo: “horário destinado a propaganda eleitoral”, grandes coisas, os roteiros ajudaram a dar uma má noção política. O eleitor mudou o canal por que sabe que por trás das cenas e dos áudios ensaiados ou lidos através do teleprompter, estão os erros, a corrupção e a ineficiência de alguns candidatos.
Daí o apelo pelo humor.
A gozação ajuda a democratizar, minimizar essa polarização ideológica de direita e esquerda. Nossos malvados favoritos, viram apenas “malvados”. Simples não é. A jocosidade nos livra das facções.
Por aqui não tivemos cadeirada, se comparados ao exemplo de São Paulo, tivemos debates em bom nível. Que bom. a saúde mental agradece.
Se a onça vai encontrar o leito certo para beber água, se a vaca vai para o brejo, isso não quer dizer que o eleitor não leva esse momento a sério. No fundo, cada um sabe das prioridades de seu bairro, sua comunidade. É nas cidades que vivenciamos os principais problemas ligados ao nosso bem estar, a qualidade de vida.
Bem, já que não choveu bastante para afastar a fumaça, que o humor nos purifique!
Este é o melhor momento para rirmos do próprio destino.
Jairo Carioca é jornalista, assessor de imprensa e escritor. Colabora semanalmente com o NH.