O governador acerta quando pede aos seus subordinados que não gerem desequilíbrios e, quando, também, incentiva a sustentabilidade. Mas, não há chocolate suíço no primeiro papo de cafezinho do ano. Como vamos gerar emprego e renda, diminuir a fome, o feminicídio?
Ampliar investimentos em infraestrutura. Essa é a regra para 2023. Esse foi o principal tema de uma reunião de planejamento do gabinete do governador. Se não há mais crise pandêmica, como via de regra, esse subterfúgio utilizado para alguns descumprimento de metas e até retrocessos, cai por terra.
Essa análise não tira o mérito da atuação do governador durante a maior crise de saúde pública mundial – o que já foi comprovado nas urnas – mas, daqui pra frente o Palácio Rio Branco precisa provar a que veio sem os efeitos do “fique em casa”.
Isso ficou claro no artigo escrito pelo governador Gladson Cameli em mensagem direta enviada aos secretários: “não temos mais a prerrogativa do erro ou da inexperiência. O Acre não pode esperar”.
A capacidade de desenvolver grandes obras e, anexo a isso, a geração de emprego e renda, pode conter eventuais retrocessos como o aumento da pobreza e a volta da fome. Cameli sabe que jovens e mulheres merecem uma atenção especial com políticas específicas, assim como o trabalhador informal.
O bom nesse papo de cafezinho entre o primeiro escalão de governo é que essa estrada foi bem pavimentada. Hoje certamente o estado fiscal do Acre é bem melhor do que há quatro anos. Pode-se dizer que o dever de casa foi muito bem feito.
A permanência da equipe econômica comandada pelo secretário Romulo Grandidier, e ainda, dos secretários: Ricardo Brandão (Planejamento) Cirleudo Alencar (SEOP), Petronio Antunes (Deracre), em tese, representa a não descontinuidade nessa política de investimentos.
Os desafios são enormes, nem dar para falar em um único papo de cafezinho.
Mesmo que o Brasil tenha perdido sua capacidade de crescimento antes e durante a pandemia, o Acre não teve dificuldade de voltar a crescer. Os sucessivos superávits da balança comercial mostram isso. O Agro não parou, e na nossa região, foi extremamente impulsionado por políticas públicas.
O otimismo do setor privado pode ser visto a olho nu as margens da BR 317 por quem transita desde Senador Guiomard até a fronteira com os países andinos. Ora, se a iniciativa privada investe, há incentivos para que as pessoas, as camadas sociais se realizem em termos profissionais, com geração de emprego e renda. E isso é fruto de uma política correta de Estado que não atrapalhou, pelo contrário, criou facilidade legais.
O último gargalo rodoviário pela 317 segue seu cronograma de investimentos. O Anel Viário entre as cidades de Epitaciolândia e Brasileia deve ser inaugurado até o meio do ano.
Há o papel do Estado
O governador acerta quando pede aos seus subordinados que não gerem desequilíbrios e, quando, também, incentiva a sustentabilidade. A nomeação de Julie Messias – que foi secretária nacional de biodiversidade – tecnicamente é a mais correta das inovações da próxima gestão. A governança dos recursos ambientais é a palavra chave debatida na COP 27. Julie coordenou o pavilhão do Brasil neste evento.
Outa linha que merece destaque é a industrial
O embrião de investimento em inovação tecnológica, a política de comércio exterior. Se os países andinos têm fome e necessidade de comprar nossos produtos, no que vamos apostar? O que o Acre vai ofertar em termos de competitividade? Há uma demanda a ser administrada, até o turismo entra neste cenário de cooperação e intercâmbios. A manutenção do secretário Assurbanipal Mesquita – amigo do sistema ‘S’ – também foi correta.
Bem, não tem chocolate suíço no meu primeiro cafezinho do ano.
Há vulnerabilidade em alguns setores da gestão e até retrocessos. É preciso revisar a política educacional, os impactos da covid-19 na qualidade de ensino são grandes em todo o país. Não existiu, ou se comunicou mal, a política social vigente nesse governo. Como resolver a demanda das famílias que vivem abaixo da linha de pobreza? Os dados de feminicídio são desastrosos, mesmo com a diminuição dos índices e a criação de programas como o botão da vida, esse é o maior desafio na política voltada às mulheres. O fim da pandemia não significa execução de saúde de primeiro mundo, existem demandas reprimidas drásticas.
Eu gosto desse Gladson Cameli longe das produções cinematográficas, aquele que come pipoca na escadaria do Palácio Rio Branco e que “reza todos os dias para que os números de seu governo não se tornem indiferentes aos sentimentos”.
“Entender suas necessidades, medos e esperanças”.
Foi com muita humildade que o governador Gladson Cameli ajudou o Acre vencer a pandemia. Com Deus no coração, com certeza ele vai continuar ajudando esse Estado do João Miguel (meu neto) e de quase 900 mil acreanos, a crescer.
Jairo Carioca é jornalista e assessor de imprensa