Começa nesta segunda-feira, 26, a fase mais intensa da campanha para candidatos e eleitores. Quem investiu pesado em um projeto político até aqui, o maior desafio é “ativar” os votos comprometidos e atrair apoio dos indecisos. Entre os vários mecanismos para alcançar esses objetivos, a compra de votos é um tema que intriga cientistas políticos e consultores em tempos de eleições.
Que conjunto de motivações leva o eleitor a escolher o seu candidato?
De dois em dois anos a imprensa denuncia essa relação entre candidato e eleitor baseada em um sistema de trocas em condições totalmente desiguais, tanto em relação aos envolvidos, como aos objetos negociados. Pouco são os resultados práticos de punir essa prática, os processos exigem provas robustas, são lentos, com várias instâncias para recorrer.
O que leva um eleitor vender o seu voto?
Entre ganhar vinte litros de gasolina agora e um novo hospital na sua região daqui a quatro anos, o que você escolheria?
Uma pesquisa encomendada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostrou que pelo menos 28% dos entrevistados têm conhecimento ou já testemunharam algum caso de compra de votos. Quase dois mil eleitores entre 18 e 60 anos, também ouvido pelo instituto contratado, revelou que poucos eleitores percebem a compra de votos como algo ilegal e muitos ainda enxergam a troca de votos por benefícios como algo natural.
Trazendo essa realidade para o nosso cotidiano, em um universo de 588 mil eleitores aptos a votar no Acre, 164 mil estão nessa faixa disposta a negociar seu voto. Os números são alarmantes e preocupam, principalmente, candidaturas proporcionais capazes de ter o resultado influenciado. Em cidades com menor densidade eleitoral, o “esquema de compra de votos” pode até influenciar em vitória ou derrota para candidaturas majoritárias.
Ainda vai levar muito tempo para que os cientistas políticos encontrem respostas para este fenômeno. Esse processo longo, polêmico, nos leva a afirmar que o maior desafio é diagnosticar que o mal do Brasil são os maus políticos.
A lista de verificação vai tirando o sono de muito profissional em comprar consciências. Serão noites de conferências à dentro para evitar a “quebra de metas”. Pior que esse público-alvo está em todas as camadas sociais, nesta relação, ambos não se preocupam sequer na produção de provas contra si mesmo. Perderam completamente a noção do perigo.
O que há com o Brasil, afinal, onde não existe mais constrangimento, pudor ou ética?"
Outro ato intensificado até as vésperas das eleições é a divulgação de pesquisas de toda natureza na tentativa de confundir o voto útil. Um grande fator para a distorção do processo eleitoral. Tudo autorizado pela Justiça Eleitoral.
Pobre democracia
Esse exercício da soberania sofre com Fake News, sofre até com lixo, está em curso além compra de votos, a boca de urna, o plano para poluir as maiores seções eleitorais com santinhos. São práticas que nenhum órgão fiscalizador consegue eliminar do processo eleitoral. Será que precisaremos de mais 90 anos em ação pela Cidadania?
Quem elegemos quando vendemos o nosso voto?
É uma questão de escolha. Lembre-se que esse corrupto que compra voto pode passar quatro anos decidindo sobre a sua vida e a vida de milhares de pessoas. Tomando decisões nada éticas, como a compra de sua liberdade.
Preparem os ouvidos, vamos ouvir e assistir um verdadeiro vale tudo até o próximo domingo.
Denuncie qualquer tipo de fraude na eleição,
Jairo Carioca é jornalista e assessor de imprensa. Estar coordenador da Rede Aldeia de Rádios Aldeia FM.