No céu de brigadeiro uma nova turbulência atinge o mercado com a crise da linha “promo” da 123 Milhas. Em solo, capivaras invadem pista e atrasam voos na madrugada.
Para os deputados federais Eduardo Veloso e Meire Serafim (ambos do União Brasil do Acre) ficou somente no cafezinho frio e amargo servido no Ministério de Portos e Aeroportos, a intenção de pressionar as empresas Gol e Latan – únicas prestadoras de serviços aéreos para estados da região norte – pelo custo absurdo cobrado nas passagens, o horário e a oferta de voos para a Amazônia.
Os dois parlamentares da bancada acreana são os únicos que ainda não assinaram o pedido de formação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, CPI, proposta pelo deputado federal Roberto Duarte (Republicanos) em maio deste ano, para apurar graves denúncias sobre o tema, entre elas, a suposta “combinação de mercado” pelas empresas Gol e Latan na cobrança de bilhetes para a região norte. O fato veio à baila durante audiência pública na Câmara dos Deputados.
Enquanto a CPI aguarda no portão de embarque sem autorização para ‘decolar’, uma outra turbulência chamou a atenção do mercado essa semana. A agência de viagens 123 Milhas, suspendeu os pacotes da linha “promo” (com datas flexíveis) com previsão de embarques de setembro a dezembro de 2023, deixando milhares de consumidores, entre eles, acreanos, sem saber o que fazer para cumprir os destinos negociados.
Alegando “à persistência de circunstâncias de mercado adversas” a empresa anunciou a devolução dos valores pagos pelos clientes em "vouchers acrescidos de correção monetária de 150% do CDI, acima da inflação e dos juros de mercado, para compra de quaisquer passagens, hotéis e pacotes".
Sem esclarecer se além dos serviços da empresa haverá devolução em dinheiro, uma série de notificados estão sendo feitos contra a 123 Milhas que deverá enfrentar ainda, desconfiança e processos judiciais por danos causados ao consumidor.
O disparo nos preços das passagens aéreas – mesmo na baixa estação – é um dos problemas apontado por especialistas no assunto que provocou a crise envolvendo os pontos negociados pela empresa 123 Milhas nos pacotes para o período de setembro a dezembro. A empresa teve que pagar até 90 mil milhas por um trecho para entregar a passagem ao cliente na ponta.
É cada vez mais distante da realidade, a proposta da Agencia de Aviação Civil (Anac) de democratizar o acesso a passagens aéreas pela população de menor poder econômico.
Conversei por telefone com o deputado Roberto Duarte que parece meio impactado com o lobby das empresas aéreas dentro do Congresso Nacional. Além dos deputados Eduardo Veloso e Meire Serafim, a maioria da bancada do norte – um total de 65 parlamentares – ainda não assinou a CPI do Apagão Aéreo na Amazônia.
O longo caminho entre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal está cheio de boas intenções. Depois do senador Sérgio Petecão (PSD-AC) confirmar a vinda do ministro de portos e aeroportos, Marcio França para uma audiência pública sobre o tema, ontem o senador Alan Rick – que coordena a bancada federal do Acre – pediu uma visita do ministro do turismo Celso Sabino, para debater o mesmo assunto.
Enquanto nossas autoridades seguem debatendo “sexo dos anjos”, pousos e decolagens no aeroporto de Cruzeiro do Sul continuam sendo cancelados por falta de aparelhos de segurança (ILS). Em Rio Branco, uma invasão de capivaras na pista do aeroporto, atrasa voos pela madrugada.
O Acre existe!
Jairo Carioca é jornalista, escritor e assessor de imprensa. Escreve semanalmente para o NH.