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Papo de Cafezinho - Por Jairo Carioca

Empresários acreanos formam maior comitiva para ampliar exportações e importações com países andinos com prospecção de negócios para Ásia

Empresários acreanos formam maior comitiva para ampliar exportações e importações com países andinos com prospecção de negócios para Ásia

O papo é mesmo para um bom cafezinho. 

E não importa se é Contri, Vovó Pureza, Nauas ou Bujari, o importante é que o produto seja da indústria acreana. O café é uma das apostas que foi embalada para exposição na maior feira de alimentos da América Latina, a Expoalimentaria que começa no próximo dia 27, em Lima, no Peru, afinal, o café ajuda a fechar bons negócios.

O papo de cafezinho está presente nesta caravana, contando, com exclusividade, detalhes de tudo que vai acontecer no Centro de Convenções Jockey Plaza.

Na verdade, nunca o Acre viveu um clima tão esperançoso quando o assunto é exportação e importação de alimentos como agora. Isso está refletido no número recorde – cerca de 50 empresários – que já confirmaram presença na agenda que começa na segunda-feira, dia 25, com a visita ao Porto de Chancay.

A obra do Porto de Chancay – embora esteja dentro das estratégias de segurança alimentar e energética da China – é um marco para o comércio exterior mundial. Com investimentos até aqui de 1,3 bilhão de dólar, a conclusão da primeira etapa vai permitir uma rota direta para a China com uma redução de 10 dias no tempo de viagem para navios, que atualmente levam mais de 45 dias para chegar a Ásia. Oferecendo um porto de águas profundas, Chancay poderá receber navios porta-contêineres que não podem atracar em outros lugares da América do Sul.

“A China não faz investimentos aleatórios nem escolhe alguma posição geopolítica que não esteja alinhada com seus objetivos estratégicos”, disse Daniel Pou, diretor do Centro de Análise de Dados da Segurança do Cidadão da República Dominicana em entrevista ao site Diálogo.

As grandes potências econômicas mundiais estão de olho nas movimentações chinesas na América Latina, suspeita-se que o Porto de Chancay possa ser utilizado com duplo objetivo, além do comercial, de explorar, maximizar e controlar as rotas logísticas globais, sirva de uma plataforma para a coleta de informações de navios, rotas, cargas e outras informações que podem ser valiosas para a inteligência militar.

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Longe desse debate, empresários do setor produtivo do Acre levam na bagagem a proposta de tornar o estado como entreposto para chegada e saída de produtos exportados do Brasil e importados da Ásia e da América Latina. Dia 28, os governos dos estados do Acre e Rondônia, Federações e Associações Comerciais, a Embaixada do Brasil no Peru, tratam desse assunto em agenda com a diretoria da Cosco Shipping – empresa chinesa que detém 60% de participação no Porto.

Pela primeira vez, além do pavilhão Brasil, Acre e Rondônia têm um stande na Expoalimentaria. Vão expor seus principais produtos de exportação ao lado da Confederação Nacional de Agricultura (CNA). A presença acreana no evento se dá após uma intensa agenda de comércio exterior encabeçada pela Secretaria de Estado de Indústria, Ciência e Tecnologia (Seict) em parceria com a Agência de Negócios do Acre (Anac) e a Assembleia Legislativa do Estado do Acre. O trabalho conjunto com a Federação da Indústria do Acre, Sebrae e Associações Comerciais, a Federação da Agricultura, tem avançado.

O governo do Acre chega no maior espaço de negócios com alimentos (180 países credenciados), comemorando o superavit histórico da balança comercial puxado pela soja e o milho, apresentando inovações em seu portifólio, fruto de um novo modelo econômico pensado desde 2019 quando o setor produtivo, incentivado por políticas públicas, apostou no cultivo de grãos.

Segundo dados do economista Orlando Sabino, publicados em sua coluna semanal no site ac24horas, a balança comercial do Acre teve expressivo crescimento nos últimos três anos. 54,8% do superavit de quase 1 bilhão de reais (R$ 994,45 milhões) foram obtidos neste período.

Ao longo da Rota Interoceânica é possível ver que a paisagem mudou e os ânimos dos empresários também. A construção de novos silos graneleiros anunciam safras recordes na produção de grãos. A soja desbancou a castanha. O estado já é autossustentável na produção de milho, tem, segundo o presidente da Federação de Agricultura do Estado do Acre, Assuero Veronez, milho para exportação.

Outro dado importante mostra que em 10 anos, 21,3% do que exportamos foram destinados exatamente ao Peru, país que tem mais de 33 milhões de habitantes. É como se os andinos estivessem dizendo assim: “produzam que garantimos mercado”. E eles têm razão. o mercado suíno deu certo. A indústria Dom Porquito é referência.

A situação é tão favorável que, nos Estados Unidos, na V Edição da Semana do Clima em Nova Yorque, o governador Gladson Cameli apresentou a redução nos índices de desmatamentos e nos focos de queimadas no período mais crítico do verão amazônico, demonstrando compromisso com o desenvolvimento e a responsabilidade ambiental.

Tudo bem que ainda tem desafios enormes pela frente, como a conclusão da obra do Anel Viário entre as cidades de Epitaciolândia e Brasileia, a reconstrução da BR 364 anunciada no pacote de obras do PAC. Aumentar o volume de exportações e de importações pela rota interoceânica é a aposta do setor produtivo para pressionar o destravamento aduaneiro, medida que depende exclusivamente do governo federal.

De cafezinho em cafezinho, o Acre vai ocupando seu lugar no cenário econômico nacional e internacional. O que é justo, já que geograficamente ocupa posição privilegiada para nova rota comercial com países asiáticos e a costa oeste americana.

Jairo Carioca é jornalista, assessor de imprensa, escreve semanalmente para o NH.