Não tem jeito, virou cultura, no Brasil, de janeiro a fevereiro tudo vai sendo cozinhado porque o ano só começa oficialmente após o reinado Momo.
Por falar em Rei Momo, o Junior do Mônaco entregou a chave da cidade de volta ao prefeito Tião Bocalom, nesta quarta de cinzas, sem tampar nenhum buraco. O óbvio, sua função sarcástica e zombeteira foi bem feita. O meme criado em torno de seu reinado, talvez tenha servido de alerta ao executivo municipal. Com tanta água rolando, o carnaval não foi palco somente de alegria, a sociedade aproveitou para protestar, mandar recados.
E cá pra nós, a cidade está um buraco só!
Vestido da fantasia do carnaval, Bocalom pode até não saber sambar, mas, se esforçou em mostrar ritmo puxando o trenzinho no baile da melhor idade, horas tirando selfies, concedendo entrevistas. Precisando melhorar sua aceitação popular, ele fez corpo a corpo nas cinco noites de folia.
O melhor enredo – tirando o clichê Carnaval da Família – foi a união entre estado e município. As fundações de cultura, por exemplo, descobriram que têm ações em comum e que unindo planejamento estratégico podem valorizar mais os artistas, desde os músicos aos criadores de alegorias, responsáveis por toda a beleza do carnaval de Rio Branco.
O cenário foi perfeito, rendeu muitos elogios. A performance dos cantores, cada um no seu estilo, também agradou o folião. A Comissão Organizadora preparou tudo com muito zelo, agradou até quem não gosta de Carnaval. O Dudé Lima foi um prefeitão, acabou até com as ruinas que existiam próximo do Arena.
O governador Gladson Cameli acertou em cheio quando disse que “a chuva veio para limpar as coisas ruins”. Se tivesse sido combinado, talvez, não desse tão certo. A visita dele e do prefeito Tião Bocalom no Arena da Floresta, teve como fundo musical a marchinha “bandeira branca”, trazendo ao cenário todo o saudosismo de Dalva Oliveira. E olha que o Biau estava apenas “passando o som”.
Quem disse que política e carnaval não andam juntos?
Foram muitos reencontros, apertos de mãos de velhos militantes que por mais de vinte anos andaram juntos, como diz o ditado popular: comendo o pão que o diabo amaçou.
É lógico que as fotos do governador Gladson Cameli e o prefeito Tião Bocalom, de mãos dadas com punhos para cima não significa nenhuma aliança visando as eleições de 2024. Mas, esse gesto pode ser visto com esperança pelo folião que não foi ao Arena, talvez, por causa de muita chuva, mas, também, por falta de dinheiro.
O que a sociedade espera agora, que o ano começou, é que esse bloco ganhe as ruas de Rio Branco em outras parcerias que gerem emprego e renda. O cidadão rio-branquense quer um olhar diferenciado à sua cidade. Quer o mesmo esquema operacional de segurança que deu certo nos cinco dias de carnaval, acontecendo nas comunidades.
Tirando a decisão dos blocos de realizar o desfile na Avenida Getúlio Vargas, tem muita coisa boa que serviu como lição no planejamento e execução da quina momesca.
Não falo em nome do estado e, muito menos do governador, mas, se bem conheço o Gladson Cameli, se não antecipar as eleições, o município de Rio Branco vai ganhar um grande parceiro para realizar muitas obras em nossa capital.
Jairo Carioca é jornalista e assessor de imprensa.