O Acre é enjoado!
Ainda na noite de ontem, dia 14, Lewandowski, determinou o afastamento imediato da atual direção da Penitenciária Federal de Segurança Máxima. Congresso deve convidar o ministro da Justiça para dar explicações sobre o ocorrido. O Crime Organizado se infiltrou no Sistema de Segurança Máxima do Brasil?
O pós-carnaval começa com um cafezinho bem amargo.
A Polícia Federal ainda não tem respostas para saber como dois presos acreanos: Deibson Cabral Nascimento e Rogério Silva Mendonça, conseguiram passar por pelo menos três portas (da cela, do corredor e do pátio) do presídio de segurança máxima de Mossoró (RN) na madrugada desta quarta-feira, dia 14, e ainda, burlaram o circuito fechado de câmaras da penitenciaria.
Para o leitor ter uma ideia, essa é a primeira fuga registrada desde 2006, quando o sistema de segurança máxima foi implantado. Cinco presídios desta categoria existem no Brasil. No cargo há cerca de 15 dias, essa é a primeira crise do ministro da justiça, Ricardo Lewandowski que em sua posse no governo federal, garantiu priorizar o combate ao crime organizado. Ainda na noite de ontem, dia 14, ele determinou o afastamento imediato de toda a direção do presídio de Mossoró.
A preocupação das autoridades de segurança pública é descobrir o que está por trás desta fuga. Deputados e senadores que debatem o crime organizado no Congresso Nacional vão convidar o ministro Lewandowski para dar explicações sobre o ocorrido. O convite sendo votado e aprovado, o ministro será obrigado a dar explicações ao colegiado.
Dentro das cinco penitenciárias de segurança máxima existentes no Brasil estão os presos mais perigosos que comandam o PCC, o CV e todas as demais 70 facções que dominam o crime organizado. Se existe essa vulnerabilidade exposta pela fuga em Mossoró, em tese, teoricamente, pode ocorrer novas fugas em outras unidades do mesmo modelo.
Especialistas em segurança de presídios são unanimes em afirmar que, diante dos códigos existentes, é impossível fugir de um presídio de segurança máxima sem a ajuda externa.
O Ministério da Justiça se debruça em duas linhas cruéis de investigações: a primeira, que aponta para uma solidez no sistema de segurança que deve mostrar que o ocorrido foi um ponto fora da curva, mas, com ajuda externa; a segunda hipótese, que existe vulnerabilidade e fatos como esses podem ocorrer novamente.
Pior cenário.
As duas linhas apontam para um cenário ruim, o de infiltração do crime organizado no sistema de segurança máxima do país, que, desde 2006, se manteve intocável.
Com o presidente Lula fazendo turismo internacional em visita, ao lado da primeira-dama Rosângela, as pirâmides de Gizé, a Esfinge e o Grande Museu Egípcio no Egito, a oposição enxerga neste episódio, o primeiro grande flanco. O episódio caiu como uma luva para deputados e senadores contrários ao governo Lula, tentarem o encurralar.
Vale lembrar que Lewandowski substitui o ex-ministro Flavio Dino, agora ministro do Supremo Tribunal Federal. Como será o desempenho de Lewandowski – que tem um discurso leve – diante do embate pesado de deputados do PL que dominam a Comissão de Segurança Pública do Congresso Nacional?
O Acre é mesmo enjoado.
Olha só o tamanho do abacaxi que a fuga de dois presos acreanos provoca no cenário político nacional.
Será que nossa bancada de deputados e o Congresso Nacional vão se acordar para o debate aprofundado sobre esse tema?
A questão não é quem é o ministro da Justiça ou o atual presidente, longe desse cenário extremo está uma crise que envolve vidas, pessoas.
Sem um debate profundo, nunca haverá enfrentamento ao crime organizado e os cidadãos de bem continuarão reféns.
Jairo Carioca é jornalista, assessor de imprensa e escritor. Colabora semanalmente com o NH.