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Papo de Cafezinho - Por Jairo Carioca

Herança maldita: Geração nem-nem nasceu e se desenvolveu durante a oligarquia Viana com direito a criação do “Bonde dos 13”

Herança maldita: Geração nem-nem nasceu e se desenvolveu durante a oligarquia Viana com direito a criação do “Bonde dos 13”

A matemática é muito simples, o jovem que tem 29 anos hoje e vive sem trabalhar e sem estudar, percentual que segundo dados do IBGE na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2021, é de 35,5%, nasceu em 1993, se desenvolveu durante os governos de Jorge Viana (1997 e 2006), Binho Marques (2006 e 2010) e Tião Viana (2011 e 2018).

O pepino ou abacaxi – como queiram comparar essa salada azeda servida ao governador Gladson Cameli – é uma herança maldita dessas gestões.

Entre o primeiro governo do Jorge Viana e o primeiro ano de gestão do atual chefe do Palácio Rio Branco foram 22 anos, período em que surgiram as facções no Acre, uma delas, com o nome “Bonde dos 13”. Para FGV Social, esse período comprometeu o presente e o futuro dessa geração. Escalada negativa que cresceu a partir de 2012, segundo ano de gestão de Tião Viana, irmão de Jorge.

Essas gerações certamente não experimentaram do jargão do governo Binho Marques de que o Acre era o “melhor lugar para se viver na Amazônia”. Nos quatro anos de sua gestão a taxa média de homicídios segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública subiu para 26,2%. Binho, acabou com o modelo de polícia da família e não ficou residindo no Acre, foi morar em Brasília. Tião Viana viu a situação de violência sair do controle a partir de 2013 com taxa de 30,9 óbitos a cada 100 mil habitantes. A ampla maioria exterminada foram jovens, que, certamente não estavam na escola e muito menos trabalhando. Tião Viana deixou o governo em 2018 com 29% de jovens sem estudar e sem trabalhar.

Para o presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH Brasil), Paulo Sardinha, em entrevista concedida ao jornalista Gladis Berlato, os nem-nem se tornaram um modelo cruel de vida que se perpetua de geração após geração.

Quebrar essa série de crescimento dos nem-nem é o maior desafio de Gladson Cameli pós-pandemia. Em qualquer análise, os efeitos do fechamento de escolas e da redução da atividade econômica devem ser colocados em debate. Os impactos atingiram principalmente as populações em situação de maior vulnerabilidade. Os estudos que apontam esses dados foram encomendados pelo Programa Jovens Construtores e implementados pelo Centro de Promoção da Saúde (CEDAPS).

A reforma que chega a Assembleia Legislativa do Acre essa semana parece ter abandonado a ideia de criação da Secretaria do Emprego, mas, esse é o papo de cafezinho do governador reeleito, Gladson Cameli, na conversa com secretários e no planejamento do estado para os próximos anos. Ele tem batido na mesa e exigido resultados mais positivos.

E olha que o Acre vive um ambiente favorável, tem registrado superávit quando o assunto é geração de emprego, balança comercial, mas, não na velocidade desejada pelo chefe do executivo. A barreira mais assustadora nesse cenário é a falta de qualificação profissional.

Derrotado novamente nas urnas esse ano, Jorge Viana parece ainda não ter aprendido a lição da humildade. O mais velho livro da história diz em Mateus 7:3:

“Por que reparas tu o cisco no olho de teu irmão, mas não percebes a viga que está no teu próprio olho?”

Jairo Carioca é jornalista, assessor de imprensa e coordenador da Rede Aldeia de Rádios FM.