Para o pastor e teólogo Paulo Machado, o mundo está próximo de viver o ápice da história quando Israel se converterá a Cristo. “À cidade de Jerusalém é conferido um papel essencial no desenrolar dos eventos relativos aos últimos tempos”, diz o estudioso. Machado, em entrevista ao Papo de Cafezinho alerta para o “falso Messias”, garante que a promessa de arrebatamento “é para a Igreja”. Economicamente, um acordo estratégico entre Israel e a Arábia Saudita teria despertado a ira do Hamas. É o final dos tempos?
Um dos conflitos que mais geram tensões e preocupações em todo o mundo é o que envolve judeus e muçulmanos no território de enclave entre Israel e Palestina. Segundo a tradição judaica, a região que hoje é o Estado de Israel seria a Terra Prometida por Deus ao primeiro patriarca Abraão e seus descendentes. Recebido pelo pastor Paulo Machado em sua residência, neste sábado, dia 14, o Papo de Cafezinho aprofundou esse entendimento que, para os evangélicos, representa a mais importante das profecias bíblicas: a segunda vinda de Messias na terra. Mas, em que ponto estamos, em tese, no relógio de Deus, olhando para esse conflito?
O teólogo acredita que nesse contexto, não são somente aspectos religiosos estão em jogo. Afirma que grande parte das disputas que verificamos hoje no Oriente Médio se devem também a rusgas antigas “relacionadas com o próprio processo de criação do Estado de Israel que se transformou em uma das maiores potências econômicas do Oriente”, observou.
O conflito que se arrasta desde 1948 do século passado, segundo Paulo Machado tem como razão principal “a origem da descendência de Abraão”. Nesse sentido, ele criticou em suas redes sociais os que saíram em defesa do grupo Hamas após contra-ataques israelita. O Pastor classifica o movimento islamista palestino como terrorista. “O último ataque a Israel foi motivado por um acordo estratégico construído com apoio dos Estados Unidos para a paz entre Arábia Saudita e Israel”, analisou Paulo Machado.
Confira a entrevista do Papo de Cafezinho especial feito pelo jornalista Jairo Carioca (JC) para o NH.
JC – Pastor Paulo Machado como o senhor analisa o atual conflito entre os povos palestinos e israelenses. Na sua opinião existe conflito por terras, mas, também ideológico?
Paulo Machado – Sem dúvida, isso aliás é uma questão não comentada nas narrativas do conflito. Para compreender o efeito, precisamos entender a causa. A causa é o conflito que se arrasta desde o século passado. A razão principal é a que você citou, a origem da descendência de Abraão que quando sai em peregrinação pelas terras de Canaã, recebe essa promessa de Deus de que aquelas terras das margens de Eufrades até o Nilo, seriam dadas as descendências dele.
JC – A descendência de Abraão é uma história longa contada em Genesis. Muitos povos tiveram ligação direta com o sangue de Abraão e, desde então, reivindicam a herança Abraâmica. Isso está presente nos conflitos da Faixa de Gaza atualmente?
Paulo Machado – Quando se fala da benção Abraâmica significa dizer em ter parte na benção divina, prosperidade, paz. A história mostra que se estabeleceram as doze tribos de Jacó, que mudou o nome para Israel desalojando os habitantes antigos. Deus determinou que eles fossem exterminados literalmente. Existe uma questão religiosa predominante contrária ao que Deus estabeleceu. Parece uma coisa de natureza maluca, mas, Deus não admite a divisão de sua glória (cita Deuteronômio).
JC – Na sua opinião essa máxima de Israel prevalece até os dias de hoje?
Paulo Machado – Sim, sendo herdeiro legal segundo as escrituras, Israel tomou posse daquelas terras e consegue prosperar. E os povos vizinhos sempre mantiveram conflitos. Foi bíblico, quando Deus manda Abraão despedir Imael pelas contendas causadas a Agar e Sarai, abençoa Ismael dizendo que dele sairiam doze príncipes, no entanto, haveria luta entre ele - a descendência de Ismael – e a descendência de Isaque. Hoje estamos vendo reflexo dessa palavra dita há 3,5 mil anos.
JC – Há toda uma identificação dos evangélicos com o Antigo Testamento da Bíblia, que trata basicamente da história sagrada do povo israelita. Não existe uma confusão do povo de Deus histórico, a nação de Israel do velho testamento, com o Estado moderno de Israel, com a política sionista?
Jairo Carioca – Isso é equívoco. Se pensa de muita maneira. O sentimento antissemita que foi gerado entre as descendências árabes predominou durante milênios na tentativa de destruir Israel, preservada até os dias de hoje. Israel tem a maior estrutura bélica do mundo é um estado cobiçado por todos. O conflito nas nações árabes dentro de Israel é um sentimento primitivo de herança religiosa. Querem apagar o DNA dos Judeus na terra. O islamismo foi somente uma ferramenta para a aproximação dos povos árabes.
JC - E o apoio dos Estados Unidos a Israel tem interesse econômico além do religioso? Podemos dizer que o território israelense é a presença americana no Oriente Médio?
Paulo Machado – Os Estados Unidos sempre desenvolveu uma posição de manutenção da democracia no mundo. Do pós-guerra, o mundo se dividiu em comunismo e democracia. O fascismo e o nazismo foram derrotados, ficou em menor expressão o sistema teocrático islâmico. O que se tem hoje é uma tentativa de se estabelecer um governo mundial, de moeda única, tendo a China e a Rússia como candidatos. A aliança desse sistema socialista com o Islâmico é muito perigosa contra a democracia. Os judeus fundaram os Estados Unidos, é normal que os americanos ajudem Israel e que punam aquelas nações que se voltarem contra os israelenses.
JC - O senhor me falou que o conflito atual, ou seja, o ataque do Hamas se deu pela aproximação de Israel com a Arábia Saudita, fala-se até em um tratado de paz como aconteceu entre Israel e o Egito.
Paulo Machado – A única democracia real no Oriente Médio é Israel. Algumas misturas democráticas nós vamos encontrar hoje na Arábia Saudita, que embora seja uma monarquia, é sensível ao pensamento democrático. A Arábia pode ser o fiel da balança nesse conflito, sua influência política pode contaminar a Libia, a Síria, Jordânia, Iraque e Irã, forças de maior pressão sobre Israel. Acordos com os países vizinhos a Faixa de Gaza com israelistas vêm incomodando principalmente o Irã, que financia o Hamas pelo domínio territorial. Arábia e Israel estão próximo de fechar um acordo de paz.
JC – O senhor teme por uma terceira guerra mundial a partir desse conflito atual entre Israel e Palestina? Esse também seria um sinal dos finais dos tempos?
Paulo Machado - Israel é o relógio do fim do mundo. Fundindo as duas ideias: o cristianismo quando Jesus anuncia Israel e as profecias atreladas a essa relação, e, ainda, os acontecimentos globais envolvendo Israel, não tenho dúvida de que essa nação é o pino da balança.
JC – Isso significa o que? O senhor fala do arrebatamento?
Paulo Machado – A promessa de que Israel vai sofrer pressão, que será cercada, combatida é o momento de conversão a Cristo, o ápice da história da humanidade. Segundo as escrituras o estado de Israel não vai ser destruído, vai ser quase devastado. Nessa hora vem o Messias verdadeiro, porque antes disso o falso Messias vai estabelecer o governo mundial. No Cristianismo temos a expectativa de que não estejamos mais presentes durante esse conflito. A promessa de arrebatamento é para a Igreja. Hoje devemos olhar para o relógio do tempo observando o que acontece na Faixa de Gaza.