Cenário que aponta o engenheiro Marcus Alexandre como “prefeito de férias” mostra Gladson Cameli como único nome que há quase uma década derrota candidaturas da esquerda no Acre.
Sabe aquela história de café frio para quem estar sem mandato que não é procurado por mais ninguém, quando acabam os tapinhas nas costas?
Esse fato passa longe do ex-prefeito Marcus Alexandre. Com as pesquisas lhe apontando como um “prefeito de férias”, o que não falta é um bom café nos rapapés com caciques políticos de direita.
Tudo estrategicamente pensado.
Por conta de estar à disposição do Tribunal Regional Eleitoral do Acre, Marcus Alexandre tem argumentado não poder se manifestar politicamente. Daí sua distância do papo de cafezinho com a dona Maria na Baixada da Sobral. Num recado duro aos aloprados vermelhos, tirou até o número 13 de suas redes sociais. Se dessa água ele ainda vai beber, só o tempo poderá dizer.
Na verdade, o engenheiro paulista que adora um cafezinho quente, opta por cozinhar o galo, vai agindo como mineiro, comendo pelas beiradas, esperando a hora de dar o bote. Sabe que se apresentar como pré-candidato agora é colocar-se como vitrine.
E, diga-se de passagem, Marcus Alexandre vive nessa zona de conforto em função da pífia gestão de Tião Bocalom que, até aqui, conseguiu favoritismo na parte oposta da disputa: a rejeição. Bocalom pode até reverter esse quadro, tem tempo, o que está em pauta é a eficiência de gestão. Com anuncio de obras estruturantes, como o viaduto na estrada Dias Martins, o município peleja para entregar a revitalização com meio fio na avenida Chico Mendes.
Quem poderia se viabilizar politicamente sofre com o eterno caciquismo nos grandes partidos. Têm seus nomes ‘fritados’, como ocorre com o deputado Emerson Jarude que vive um drama no MDB. O partido do ex-deputado Flaviano Melo não titubeou, deixou de lado os jargões azulados e estendeu foi um tapete vermelho para Marcus Alexandre.
Este cenário nos leva a uma profunda reflexão.
Como faz falta o nome Gladson Cameli em uma disputa com candidatos de esquerda no Acre. Há oito anos ele vem colecionando vitórias. Deixou comendo poeira Perpétua Almeida (2014), Marcus Alexandre (2018) e Jorge Viana (2022). Com seu nome fora do cenário de 2024, os caciques parecem não encontrar uma candidatura com hegemonia. Na prática parece existir uma dificuldade de construção discursiva.
Cameli entrará para a história como um fenômeno, algo além do partido, alguém que entendeu o sentido de palavras como “povo”.
A esquerda sem Marcus Alexandre – idem – também se apresenta inerte, sem nomes viáveis e dependente de alianças. Diria mais, dependente de carisma, empatia, parece não conseguir sair da sombra de Jorge Viana. O PT no Acre não se refundou.
Eu não acredito nessa desidratação política de Marcus Alexandre que o faria perder em tão pouco tempo o DNA petista. Logo ele que sempre se apresentou como um soldado do partido.
Mas, essa é uma opinião pessoal de quem leu obras do filósofo britânico Edmund Burke. Ele fala que antes de qualquer problema político, existe um drama moral.
Isso relembra o “menu caviar” de nossa era vaidosa.
Jairo Carioca é jornalista e assessor de imprensa, escreve semanalmente para o NH.