..::data e hora::.. 00:00:00

Papo de Cafezinho - Por Jairo Carioca

Nem Lula e nem Bolsonaro, o Acre tem um líder chamado Gladson Cameli

Nem Lula e nem Bolsonaro, o Acre tem um líder chamado Gladson Cameli

Resultados das urnas deram ao governador Gladson Cameli uma liderança incontestável sob 88% da população estadual. Filho do Eládio vive momento mágico na política capaz de eleger até um poste.

O novo mapa político desenhado pelos resultados das urnas nas eleições municipais deste ano tem uma cor predominante que lembra muito o caminho dos Smurfs: é azul. 14 cidades serão comandadas pelo Partido Progressistas (PP). Incluindo Rio Branco e Bujari, sobe para 16 o número de prefeituras vitoriosas e alinhadas com o Palácio Rio Branco.

Isso representa supremacia em 73% dos 22 municípios do estado, o que dá ao governador Gladson Cameli uma liderança incontestável sob 88% da população estadual, precisamente, 774.979 habitantes que vivem nesses municípios.

Se restavam dúvidas de como e o que fazer para garantir a estabilidade desse domínio político, elas caíram por terra. Navegando em céu de brigadeiro – longe da balsa para Manacapuru – Cameli se prepara para o inverno como talvez sequer tenha imaginado, tamanho é o seu prestígio político.

Humilde quando lhe agigantam, em suas declarações iniciais, pós-resultado das urnas, ele afirmou que os números são frutos de um trabalho coletivo, “ninguém vai a lugar algum sozinho”. E tem razão. Mas, uma rápida avaliação do seu desempenho no executivo a partir de 2019, nos leva a crer que o filho do Eládio amadureceu politicamente. Não como o pai desejava – Eládio foi contra a carreira política de Gladson – mas, talvez, como sua mãe, dona Linda Cameli sempre apostou. Ela é a sua fã incondicional.

Dizer que a ideologia não ajudou no resultado das urnas seria ingratidão, mas, cá pra nós, diante de uma polarização com o PT disfarçado, usando literalmente o MDB como barriga de aluguel, nem foi preciso o Capitão colocar os pés por aqui.

WhatsApp_Image_2024-10-06_at_17.26.02.jpeg

No cenário nacional o resultado das urnas no primeiro turno e a tendência eleitoral para as capitais que têm segundo turno exigem de Jair Bolsonaro e Lula, profundas reflexões sobre o que eles imaginavam há dois anos atrás, quando o assunto era expansão de bases eleitorais e consolidação de lideranças à esquerda e à direita.

Respeitadas as devidas proporções, diferente de Cameli no Acre, nem Lula e nem Bolsonaro podem se considerar lideranças incontestáveis. Lula sofre quase uma depressão pela ausência de vitórias do PT em todo o país, principalmente no Nordeste; Bolsonaro navega lutando por anistia. Ambos viram as eleições municipais muito longe de um novo embate entre esquerda e direita, Lula x Bolsonaro.

Aliás, analistas batem cabeça no jeito Gladson Cameli de ser na política. O que está nos bastidores do jargão: “já deu certo” que, com ausência quase total de planejamento tem final feliz, é objeto de muitos papos de cafezinho.

Os desafios recomeçam.
Todos descem do palanque pelo menos momentaneamente, tempo em que grandes obras precisam ser concluídas visando o desenvolvimento do estado.

A receita política Cameli já tem nas mãos, não é exagero dizer que ele vive o momento mágico de promover quem quer que seja (até um poste). Para isso, basta sobrepor suas mãos.

Jairo Carioca é jornalista, assessor de imprensa e escritor. Contribui semanalmente com o NH.