O presidente Luiz Inácio Lula da Silva supera o ex-presidente Getúlio Vargas ao ser eleito democraticamente para exercer a presidência da República neste domingo (30). Em 1950, Vargas foi eleito com 48,7% depois de assumir o destino do Brasil em plena ditadura. Lula acaba de fazer 77 anos, será o presidente mais velho a assumir o cargo máximo da política brasileira.
O domingo de muito simbolismo também concede a Jair Bolsonaro o fato de ele ser o primeiro presidente que tentou e não conseguiu se reeleger. Isso desde que a reeleição passou a ser constituída. Fernado Henrique, Lula, Dilma Rousseff, mesmo enfrentando fortes crises econômicas conseguiram se reeleger.
Essa foi a eleição de resultado mais apertado da história. Lula foi eleito com 60 milhões de votos (50,90%), enquanto Bolsonaro recebeu 58 milhões de votos (49,10%). A diferença entre eles foi de menos de dois pontos percentuais (pouco mais de 2 milhões de votos).
Outro dado é confirmado com a vitória de Lula no segundo turno: vence a eleição no Brasil quem ganha em Minas Gerais, coincidentemente, o estado que protagonizou a revolta de caráter republicano e separatista, organizada pela elite socioeconômica da capitania de Minas Gerais contra o domínio colonial português.
No mapa dos estados, apenas no Amapá, Bolsonaro virou o jogo. O presidente ganhou em 14 estados, contra 13 vitórias de Lula no restante do país. Bolsonaro diminuiu a diferença no Amazonas e em Minas Gerais, mas, não o suficiente para ficar à frente do ex-presidente.
Tecnicamente são esses os dados que entram para a estatística eleitoral. Politicamente, há o que se debater.
Para muitos brasileiros – a maioria nem Bolsonaristas ou extremistas de direita – o recado das urnas neste domingo foi de que o crime compensa. O presidente eleito passou um ano e sete meses preso após ser condenado na Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro no processo do triplex do Guarujá (SP).
A saída de Lula da cela especial há exatos três anos, empurrou para debaixo do tapete o debate sobre prisão em segunda instância. Em ato histórico o Supremo Tribunal Federal (STF) revisou em 2019 um entendimento adotado em 2016 que permitia a execução da pena antes que se esgotassem todas as possibilidades de recurso.
O que comemorar?
O PT tem muito o que comemorar. Afinal de contas, não podemos deixar de reconhecer os méritos políticos do presidente eleito que nos quatro anos de gestão de Jair Bolsonaro saiu da degeneração moral para o auge político.
No Acre além do grito de vitória que estava preso na garganta, petistas que ganharam as ruas sabem que a vitória de Lula trás o PT de volta ao poder. Não foi atoa que Jorge Viana usou as redes sociais para dizer que esta foi a eleição mais importante da sua vida.
Não será tarefa fácil a de pacificação de 46% de brasileiros que rejeitam a imagem do atual presidente e ainda, a minoria no Congresso Nacional. Somente o partido do atual presidente, o PL, na Câmara dos Deputados, elegeu 99 deputados.
Lula prometeu trabalhar em parceria com governadores e prefeitos no último debate da Rede Globo, no chamado pacto federativo. Ficamos nesta torcida, o Acre vai precisar da sensibilidade do presidente para concluir grandes obras e continuar se desenvolvendo.
O governador eleito, Gladson Cameli foi o primeiro dos eleitos no primeiro turno a divulgar nota cumprimentando Luiz Inácio Lula da Silva. No conteúdo, Cameli afirma que o Estado está “pronto para trabalhar em harmonia com o governo federal buscando entendimento e superação”.
O que se espera nos próximos dias que antecedem a posse de Lula é esse alinhamento político com foco nas principais pautas que interessam ao país.
Jairo Carioca é jornalista, assessor de imprensa, atual coordenador da Rede Aldeia de Rádios FM.