O Acre tem uma chance única, não se transformar em uma Rondônia, que tem uma série de problemas ambientais. Aqui podemos ter o agronegócio como motor gerador da economia e aproveitar a floresta da melhor forma possível.
Talvez essa seja a melhor resposta aos pesquisadores Daniel Barcelos Vargas e Vinícius Hector Pires Ferreira, que no último fim de semana escreveram o artigo no jornal o Estadão: “Acre deve virar Rondônia? Ou Rondônia deve virar o Acre?
Do ponto de vista econômico, os questionamentos e os dados apresentados pelos pesquisadores estão corretíssimos. De maneira que nos últimos 20 anos, o estado de Rondônia cresceu mais, ao preço do desmatamento. O Acre preservou mais, ao preço da estagnação.
O que há de novo nessa história?
O novo: são os resultados dos investimentos protagonizados pelo governo nos últimos três anos quando se avançou uma posição no ranking de competitividade. O avanço apenas de uma posição nesse cenário – pode representar muito pouco – mas, economicamente tem um significado muito importante. Os superávits históricos no terceiro ano de gestão do governador Gladson Cameli mostram que o estado caminha no rumo certo.
É preciso colocar na balança as dificuldades enfrentadas com relação à Covid-19 que afetou a execução dos projetos em uma economia mundial de retração e desaceleração. É notório que vários fatores ajudaram o Acre a crescer, inclusive com relação a Rondônia e demais estados do norte e nordeste, com uma perspectiva melhor para 2022.
Quando avaliamos o pilar de maior avanço de competitividade, a segurança pública, destaca-se, pois representa um dos direitos básicos do cidadão e uma das principais preocupações da sociedade brasileira diante dos índices alarmantes de violência urbana. Quem lembra da sensação de insegurança vivida pelas famílias acreanas até 2018 quando se atingiu o pico da tensão entre as polícias e as facções criminosas?
O governador Gladson Cameli com todas as dificuldades imposta pela pandemia “segurou as pontas”. E mais que isso, criou as condições necessárias para o estado receber novos investimentos. Um outro vetor, o de sustentabilidade ambiental, foi o que mais permitiu avanços econômicos, inclusive, contribuindo para o superavit da balança comercial durante todo o ano. O setor florestal, ao contrário do que ocorreu nas últimas duas décadas travado pelas políticas públicas, foi quem mais gerou riquezas na atual gestão.
Isso foi referendado pelo Fórum Empresarial de Inovação e Desenvolvimento do Acre na última terça-feira, 21. O grande estoque de matéria-prima permitiu o crescimento do setor florestal, com uma visão futurista de impacto mínimo à devastação da natureza, a metodologia manteve o estado como referência mundial, sendo o componente sustentável nos negócios, que agregou valores, e fez gerar emprego e renda. Juntos, o setor florestal e o de produção de grãos, exportaram mais de US$ 22 milhões.
Outro reconhecimento pouco explorado nessa nova concepção de desenvolvimento da gestão Gladson Cameli e que faz parte dessa prospecção de negócios exterior é a geração de novos fazendeiros que dão exemplo de respeito ao meio ambiente. No Acre, a classe está cada vez mais comprometida com a sustentabilidade. Com crescimento de 48% de inscritos, o estado foi quem mais avançou nas análises de Cadastro Ambiental Rural (CAR). Uma carreta com mega estrutura administrativa ambiental percorre praticamente todos os municípios criando esse ambiente de boas práticas.
Outra perspectiva relevante é a demarcação pelo documento de Zoneamento Ecológico Ambiental apresentado pelo Estado, com um capítulo extenso para o agro, com indicação de novas áreas de expansão do setor de grãos, demonstrando um dos principais discursos do governo: o de produzir sem desmatar.
Os números são positivos. Na balança comercial, mais de US$ 8 milhões foram exportados somente de milho, soja e derivados. Bovinos e derivados, outros US$ 6 milhões exportados. Suínos e derivados, mais US$ 2 milhões. Nesse cenário, houve uma redução de burocracias, isso é tudo que o pequeno, médio e grande empreendedor pediu durante décadas. O extrativismo não perdeu status, exportou US$ 11 milhões. O potencial a ser explorado deve ser ampliado em números no próximo ano. Olhando pra frente, temos 30 milhões de habitantes no entorno.
Essa nova classe de fazendeiros ambientalmente corretos, não se insurge apenas por espírito altivo, o setor sofre pressão da demanda internacional por sustentabilidade. A ideia é seguir os parâmetros ou ser atropelado comercialmente. O estado acerta quando estimula a educação ambiental, de modo que a classe empreendedora rural inova quando mostra que a produção agrícola não é devastadora.
Com 87% de cobertura vegetal, mesmo com sinais crescentes de desmatamentos (3%), o Acre permanece com uma política de capacidade de preservação, agora, com produtividade, melhoria da qualidade de vida de quem estar na ponta, até os que vivem no meio da floresta amazônica.
Daniel Barcelos Vargas e Vinícius Hector Pires Ferreira têm razão quando orientam que o estado se torne o melhor de si mesmo.
Jairo Carioca é jornalista e assessor de imprensa, coordenador da Rede Aldeia de Rádios FM, ancora do programa Cidadania, que tem o quadro Papo de Cafezinho.