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Papo de Cafezinho - Por Jairo Carioca

O racismo nas camadas sociais, se a moda de esquizofrenia pegar vai faltar manicômio

O racismo nas camadas sociais, se a moda de esquizofrenia pegar vai faltar manicômio

O Acre é mesmo enjoado, depois que um Padre entrou no debate sobre o racismo envolvendo a professora Mafiza de Souza Cardoso e o motoboy Alessandro Monteiro Martins, não se fala mais no caso.

Seria bom esclarecer se a professora realmente sofre ou não da perda do contato com a realidade, suposto transtorno mental, como afirma a família.

A suposta “esquizofrenia” da professora Mafiza de Souza Cardoso nos remete ao racismo enfrentado pelo jogador Vinícius Junior, na Espanha. Será que os torcedores do Valladolid estão sofrendo, supostamente, o mesmo transtorno? Em caso de resposta positiva, faltaria manicômio para abrigar tanta gente.

As imagens de preconceito contra o jogador revelam ao mundo que, embora a igualdade seja um pilar da ordem do pós-guerra na Europa, o racismo ainda persiste.

A verdade é que os torcedores do Valladolid ultrapassaram todos os limites de tolerância nos ataques feitos ao jogador brasileiro. Preconceito praticado aos olhos das autoridades do futebol que até aqui ainda não fizeram nada para punir os culpados.

Enquanto a liga europeia de futebol silencia, a CBF saiu na frente e instituiu punições por racismo em competições brasileiras. A decisão foi anunciada durante o Conselho Técnico na sede da CBF, na última terça-feira, dia 14.

Os fatos expõem uma triste realidade, fruto da ignorância e da vontade humana de sentir-se superior: o racismo. Alessandro e Vinícius Junior engrossam as estatísticas iniciadas a partir do descobrimento do Brasil, quando os portugueses achavam que a cor da pele determinava suas características como: capacidade intelectual e força.

Os 135 anos da abolição oficial da escravatura no Brasiil serão lembrados este ano sob a vigência de um quadro preocupante. Racismo ainda é praticado de forma escancarada.

Tudo bem que nem sempre o conhecimento através dos livros ou o pós-doutorado nos ensine tanto quanto os valores repassados pelos mais velhos. Mas, se você se interessa por esse assunto e defende a educação como arma para o enfrentamento, atravessar o curso “Em Defesa da Sociedade”, de 1975-1976, e o livro “Origens do Totalitarismo”, inicialmente publicado como “O Fardo de Nosso Tempo”, em 1951, são de leitura obrigatória.

Esse é um cafezinho amargo, sem açúcar mesmo, um tema que diante de tanta modernidade, nos assusta, combina desigualdades e brutalidades. Dois fatores que conversam entre si. A forma como o poder público enfrenta a violência tem um víeis fortemente racista.
Ainda vai levar muito tempo, a sociedade ainda vai sofrer muito com essa reivindicação de cidadania, de participação. Assim como os portugueses no passado, há sempre um grupo ou alguém que se coloca no direito de dizer o que é bom para mulheres, pobres e negros.

Jairo Carioca é jornalista, assessor de imprensa.